sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A arte que transforma São Paulo

Bienal chega à 30ª edição com 28 patrocinadores e apoiadores e estende a mostra pela cidade. Campanha é assinada pela Africa

Por: Lena Castellón
Fonte: Meio e Mensagem - 06 de setembro de 2012
Uma das obras da 30ª Bienal de São Paulo: Hreinn Fridfinnsson - Thirdhouse
Uma das obras da 30ª Bienal de São Paulo: Hreinn Fridfinnsson - Thirdhouse Crédito: Divulgação

Com abertura para o público neste feriado da Independência, a Bienal de São Paulo se amplia, ganha espaços em outros endereços da capital paulista e consolida seu caráter educativo. Tudo isso possibilitado pela parceria acertada com 28 empresas. Pudera. Esta é a 30ª edição da mostra, uma das mais importantes do mundo. O projeto idealizado para este ano é tão extenso que se propõe a transformar a cidade.
Para a 30ª edição da Bienal, que tem patrocínio máster do Itaú Unibanco, os organizadores do evento fecharam acordos com outras instituições paulistanas para fazer a exibição de obras em lugares distintos, como o Instituto Tomie Ohtake, a Estação da Luz, o Masp e a própria avenida Paulista. O endereço notório da mostra, o Pavilhão do Parque do Ibirapuera, continua abrigando a maior parte das peças, que neste ano chegam perto de três mil, com trabalhos assinados por 111 artistas. Metade desse acervo foi produzida para esta exposição, que recebeu o nome de A Iminência das Poéticas. A curadoria é de Luis Pérez-Oramas.
+ A Bienal 2012 contempla mais de três mil trabalhos assinados por 111 artistas: este se chama "Mobile Radio - Do You Listen To Two Radio Stations While Falling Sleep" Crédito: Divulgação

Tamanha engenharia exigiu um esforço que deu largada dois anos antes de sua abertura. É com esse intervalo de tempo que se planeja uma edição da mostra, como conta Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal. “Uma edição se constrói a partir das anteriores. Sobre esta 30ª, aprofundamos o programa educativo, que está muito ambicioso. A segunda característica marcante deste ano é a ocupação da cidade. A Bienal é um catalisador para transformar São Paulo em polo de arte”, afirma.

No lado educativo, isso quer dizer um conteúdo mais abrangente, que será acessado por um número maior de pessoas – de estudantes a agentes comunitários – e que envolve até a formação de professores. Dentro desse programa, são esperados cerca de 150 mil visitantes até o final da exposição, que se encerra em 9 de dezembro. O Educativo Bienal, como se chama o projeto, nascido na 29ª edição, está coordenando desde 2011 as ações planejadas para este ano. Os encontros para formação em arte contemporânea, por exemplo, se iniciaram em janeiro passado e até março já foram realizados 25 “cursos”, que atenderam duas mil pessoas. Estão na cota “patrocínio educativo” as seguintes empresas: AES Eletropaulo, Gerdau, Instituto Votorantim e Bloomberg.
O envolvimento da cidade com a mostra foi buscado para tornar o evento ainda maior. Foi uma maneira de abrir alternativas para a população e inseri-la ainda mais no conceito de economia criativa. Por outro lado, a Bienal tem alcance global e atrai visitantes internacionais para a exposição. Na edição anterior, foram recebidos cinco mil estrangeiros. Para este ano, aguarda-se um público de sete mil pessoas vindas do exterior. Para dar um exemplo desse interesse, na semana de abertura estará na cidade uma delegação de 30 pessoas ligadas ao Tate de Londres.
Outra marca que promete destacar esta Bienal é a estratégia digital. “Temos eventos de comunicação digital. Estamos explorando bastante essas mídias. Temos um grande acervo de vídeos e dá para baixar um podcast e a visita guiada pelo celular”, detalha Martins. Esse aspecto ganhou força graças ao trabalho de parceiros como a Oi e a Oi Futuro, que são patrocinadoras.

Economia criativa

Heitor Martins diz que a Bienal deste ano mostra como o mercado está vibrante. "Vivemos um desenvolvimento do setor cultural. Isso é sintoma e reflexo", comenta. Segundo ele, vários patrocinadores começam a perceber a importância do marketing cultural e passam a investir recursos próprios e projetos - a tônica sempre foi utilizar as leis de incentivo, que oferecem benefícios fiscais (para saber mais a respeito, leia "Projetos culturais lutam para obter apoio das marcas"). Para Martins, algumas companhias entendem que o patrocínio faz parte de uma estratégia que se volta também para a responsabilidade social e para programas educativos.
Em sua opinião, o mercado está percebendo uma maior capacitação de profissionais e projetos, que estão mais adequados às necessidades dos patrocinadores. "Pode-se fazer ações customizadas, alinhadas aos valores das marcas", salienta. Essa postura e o amadurecimento do setor são sinais de maturidade. "Entre setembro e dezembro São Paulo tem muitas mostras e atrações para o público. Isso não é coincidência. É um desenho feito para aumentar a oferta para a população. Isso beneficia a economia e as pessoas. Estamos em um ciclo positivo da economia criativa. A economia cresce. Investimentos na cultura também. E temos um fortalecimento das artes", explica.
Foram criados 16 anúncios pela Africa que trazem frases com fatos previsíveis como
+ Foram criados 16 anúncios pela Africa que trazem frases com fatos previsíveis como "Ex-jogadores serão candidatos". Conceito ligado à Bienal faz contraponto a essa ideia. Somadas, as peças remetem a outra proposta: a da integração pela arte Crédito: Divulgação

Campanha destaca o “imprevisível”

A Africa é a responsável pela campanha da 30ª Bienal, que procura ressaltar o caráter “único e imprevisível” do evento. Anúncios trazem temas próprios do cotidiano de um cidadão que mora em São Paulo: “Chuva complica saída para o feriado”, “Restaurante descolado lota nas primeiras noites”. Essas frases são confrontadas com a mensagem: “A maioria dos eventos é previsível. Venha a um que não é”.
Seguindo o conceito desta edição da Bienal – que une São Paulo pela arte , a campanha também promove uma integração. Os 16 anúncios, que seguem a identidade visual da mostra, formam uma única peça que se condensa em um grande olho. Segundo André Stokarski, coordenador geral de comunicação da Bienal, as 16 peças “dialogam diretamente com o conjunto de 30 cartazes produzidos para o evento". Um painel com todas as peças estará em exibição na Bienal.

 

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