sábado, 2 de junho de 2012

Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade: como iniciar?

Por: Claudio Andrade*



Sustentabilidade não é produto e aqueles que defendem essa idéia desviam a atenção da sociedade sobre a grandeza do seu significado. Sustentabilidade nos aponta o caminho do bom, do belo e do justo. Como nem tudo é completamente bom nem completamente belo, e muito pouco justo, para que haja sustentabilidade, teremos que reconciliar elementos desarmônicos, agregando-os num todo coerente.
O tema da sustentabilidade apareceu nos últimos anos, se popularizou rapidamente e ganhou definitivamente a agenda empresarial. Mais recentemente, foi tema de campanha na política, como vimos nas últimas eleições presidenciais aqui no Brasil.
Na verdade, ao que parece, as empresas estão bem mais preocupadas com o debate posto que a sustentabilidade tenha uma relação direta com valorização da marca e expansão de mercado. Em que pese à constatação positiva, ainda muito se confunde produção da sustentabilidade com sustentabilidade da produção.
Preservação ambiental, redução de resíduos, projetos sociais viraram estratégia e investimento no sentido promocional. Ou seja, o objetivo não é o bom, o justo ou o belo propriamente, mas o quanto se pode ganhar com isso. Esse é o ponto a ser tocado quando se quer incorporar práticas de responsabilidade social, previstas pela sustentabilidade, nas empresas, cujos resultados não se sustentam sem essa critica.
“Pensadas e administradas para gerar lucro e manter sua competitividade no mercado, as companhias não fazem caridade, elas investem estrategicamente”. Ouvi essa frase em um desses eventos que pipocam na cidade sobre sustentabilidade. Chamou-me atenção a ênfase dada na associação entre cidadania e lucro. Claro, é preciso dinheiro para a roda rodar. É como aquelas lampadinhas de natal, quando queima uma a sequência toda não acende. Todavia, não se pode entender o investimento social, a exemplo da responsabilidade social igualmente um ingrediente da sustentabilidade, unicamente pela via da competitividade, esquecendo-se da janela que se abre para a lógica do cuidar coletivo. Investir estrategicamente tem um significado abrangente de permanência no tempo e no espaço que vai além do “mercado”. Tem aí uma relação de interdependência que precisa ser lembrada como, por exemplo, o consumidor compulsivo que compra mais do que precisa, estoura o orçamento e faz empréstimos, extrai mais recursos naturais, aumenta o lixo e a emissão de gases de efeito estufa, causa desequilíbrio climático e, consequentemente, os gastos públicos com reparações de catástrofes. Compromete desta forma, a articulação econômica, social e ambiental da produção.
Considerar a sustentabilidade como produto, é reduzir sua compreensão à matéria e ver o mundo pela ótica linear do emissor-receptor. A razão pela qual não evoluímos mais rápida e profundamente no bom, no belo e no justo, ainda que tarde, é encontrar uma urgente resposta de como ser coerente nos negócios e elevar ao máximo a teia da vida?
Bem, é um desafio e tanto encontrar uma saída. Constantemente busco a crítica de meus alunos na pós-graduação ou na atividade de coaching que exerço nas empresas. Seja qual for o ambiente ao tocar no assunto sobre responsabilidade social empresarial, é unânime vir à tona o questionamento sobre o lucro como objetivo final e que sustentabilidade é ação promocional. As pessoas são extremamente céticas em relação às boas intenções no mundo corporativo. Mas todos, sem exceção, querem começar a fazer diferença.
Partindo daí e para não deixar nossa pergunta título sem encaminhamento, começamos por um diagnóstico da gestão, avaliando o desempenho do relacionamento com seus públicos. O mapeamento dos públicos e o espaço de atuação são fronteiras para o processo de incorporação da responsabilidade social e da sustentabilidade.
Integrar ambas às atividades empresariais não consiste em atuar pontualmente. Mas é um bom começo para exercitar o planejamento de boas práticas. O executivo deve compreender primeiramente que não se pode fazer tudo de uma vez – nenhuma empresa poderia. Tão pouco existe um modelo a seguir, isto é o que fazer primeiro, em segundo e assim por diante… O que se espera é a concentração em alguma área e, partir daí, crescer sistemicamente.
Envolva-se com um tema, saiba mais sobre as Metas do Milênio: se associe como parceiro a uma ONG. O GIFE- Grupo de Institutos Fundações e Empresas1 define o investimento social como o repasse sistemático de recursos privados, de forma planejada e monitorada, para projetos sociais de interesse público. Veja, quando falamos de investimento social, o que se quer ver é como sua empresa trata as questões de entorno que podem ou não fazer parte do seu core business. Segurança e saúde no trabalho, boas práticas trabalhistas, crescimento profissional, avaliação e programas de educação.
Já a responsabilidade social se define pelo engajamento ético e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona. Segundo o Instituto Ethos é o aproveitamento dos recursos privados para fins privados. Portanto, aquele mesmo dinheiro usado para o investimento social poderá se caracterizar também como responsabilidade empresarial se for empregado em programas ligados a cadeia de produção.
Recomendo os Indicadores Ethos2 como ferramenta para avaliar o estágio do envolvimento da empresa com a responsabilidade social. Além de sensibilizar para novas práticas, os Indicadores Ethos contribuem essencialmente para fazer a empresa entender do que se trata a sustentabilidade.
Para o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, no setor empresarial, o conceito de sustentabilidade representa uma nova abordagem para se fazer negócios, com inclusão social, respeito à diversidade cultural e aos interesses de todos os envolvidos, a otimização do uso de recursos naturais e a redução do impacto sobre o meio ambiente.
A maneira de a empresa participar da busca da sustentabilidade é inovando nos processos de gestão. Por sua vez, a inovação é substantivo da sustentabilidade, são forças inseparáveis. Um produto criado pela cooperação de conhecimento é imbatível no mercado, pois carrega a força do engajamento.
Isto posto, e para preparar o processo de incorporação, fique atento a algumas dicas:
1. Certifique-se que esteja consolidada a compreensão sobre a cultura da sustentabilidade. Isso será muito importante para decidir os caminhos a serem tomados;
2. Prefira sempre temas que estão ligados diretamente ao negócio; faça um mapeamento de públicos e da cadeia de valor para avaliar o impacto desse tema;
3. Estabeleça o trabalho em equipe, ajude na sua formação, sensibilize-a e determine objetivos, finalidades e resultados esperados para um período. Um produto criado em conjunto potencializa os resultados;
4. Crie indicadores de avaliação e materialize suas contribuições. Dessa forma conseguirá credibilidade, confiança e aliados ao processo;
5. Compartilhe os resultados, crie canais de diálogo e consulta com os públicos
Além disso, não se esqueça do permanente diálogo interno para o enraizamento dos novos valores, bem como com seus públicos externos de interesse. Lembrem-se: prefira os relacionamentos aos comunicados e o reconhecimento à propaganda e promoção.
[1] http://site.gife.org.br/ acesso: 05/11/2010
[2] Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social é uma ferramenta de auto- avaliação e aprendizagem, que diagnostica o estágio em que a empresa se encontra em relação às práticas de responsabilidade social e sustentabilidade. O instrumento abrange sete grandes temas: Valores, Transparência e Governança; Público Interno; Meio Ambiente; Clientes e Consumidores; Fornecedores; Comunidade; Governo e Sociedade. Por intermédio da ponderação em relação à atuação da empresa, seus representantes se descobrem caminhos para minimizar dilemas e exercitar a consciência dos efeitos em cadeia. Veja mais sobre os IERS: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/Default.aspx

*Claudio Andrade É Coaching em sustentabilidade.

Tags: Sustentabilidade, Gife, Instituto Ethos, Responsabilidade Social.


Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/responsabilidade-social-empresarial-e-sustentabilidade-como-iniciar/

Ferramentas revolucionárias monitoram áreas inundadas da Amazônia


No dia 8/5/2007 aconteceu o lançamento do livro Cultura Tecnológica Sustentável: Estudo de Caso do Projeto Cognitus na Petrobras, de autoria da pesquisadora e jornalista Carmen Carril. A noite de autógrafos foi na livraria Fnac, em São Paulo, na avenida Paulista, 901.
O livro, patrocinado pela Petrobras, foi gerido por Fernando Pellon de Miranda, coordenador geral do Projeto Cognitus. Cultura Tecnológica Sustentável retrata o estado-da-arte do Projeto Cognitus, em curso no Cenpes, na Petrobras. O Projeto Cognitus é a vertente tecnológica do Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia), criado para monitorar as atividades de produção e transporte de petróleo e gás oriundos de Urucu (AM), a maior província petrolífera terrestre, localizada na maior floresta tropical do mundo.
O Cognitus surgiu da necessidade de a Petrobras fazer o reconhecimento de padrões em áreas inundadas da Amazônia. Para atingir esse objetivo, os pesquisadores envolvidos vêm desenvolvendo ferramentas revolucionárias para monitorar as condições da região, estudando as redes complexas do ambiente amazônico, com vistas a impedir desastres ambientais.
O livro enfatiza a grande contribuição da semiótica de extração peirciana que permeia o Projeto Cognitus e o impacto na marca Petrobras da nova cultura baseada nas tecnologias de interface homem-máquina, harmonizadas com o ambiente natural, como uma resposta aos ideais ambientais da sociedade contemporânea.
Conforme declarou o coordenador do Projeto Cognitus, Fernando Pellon de Miranda, "temos uma imagem de responsabilidade social e ambiental a preservar, principalmente na Amazônia". "Qualquer problema que lá ocorrer vai causar um grande impacto para a imagem da Petrobras. Este nível de sofisticação nas pesquisas contribui para a imagem positiva da companhia, pois é fator determinante para a excelência de nossa capacidade de ação preventiva e no caso de emergências."
O livro Cultura Tecnológica Sustentável representa uma oportunidade para repensar o esgotamento de paradigmas tradicionais na prática de políticas ambientais diante do surgimento de novos paradigmas científicos, filosóficos e estéticos, pressupostos dos ideais da cultura tecnológica sustentável. Esse livro, voltado para estudantes, imprensa e comunidade científica e interpretado por pesquisadores desenvolvendo ferramentas para evitar desastres ambientais, visa à reflexão da humanidade.
Perfil da autora
Carmem Carril é jornalista, pesquisadora, escritora, professora universitária. Possui mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e pós-graduação em Marketing e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero. Atua ainda como consultora em Marketing e Gestão de Marcas, tendo somado experiência profissional, ao longo de mais de 20 anos, junto a companhias de porte, entre elas: Novartis, Citibank, Grupo Ogilvy, Banco Nacional, CESP (atual Duke Energy) e Banco Itaú. É autora dos livros A Alma da Marca Petrobras, da Editora Anhembi Morumbi, e O Que a Marca Representa na Sociedade Contemporânea, da Editora Paulus.
A realização do livro Cultura Tecnológica Sustentável: Estudo de Caso do Projeto Cognitus na Petrobras foi possível graças ao apoio do coordenador-geral do Cognitus, Fernando Pellon de Miranda, e do gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. A idéia do livro é contribuir na divulgação do Projeto Cognitus, tornando-o uma referência de pesquisa para os públicos interno e externo da Petrobras, para a comunidade acadêmico-científica brasileira e internacional e para todos os cidadãos comprometidos com o desenvolvimento sustentável. "O que mais me chamou a atenção no Projeto Cognitus, em curso na Petrobras, são seus objetivos voltados para a busca de superação dos limites de resolução da ciência tradicional por meio da construção de novas ferramentas cognitivas em articulação com os desígnios da natureza. Com o Projeto Cognitus, o Brasil e a comunidade científico-brasileira ingressam numa cultura marcada pela transdisciplinaridade e pela excelência no âmbito das pesquisas de ponta, reconhecidas tanto no universo acadêmico nacional como no internacional", afirma Carmem Carril.
lidpv@al.sp.gov.br
Tags: Petrobras; Amazônia; Ferramentas Cognitivas;  Tecnologia Sustentável.

Matéria publicada pela Assessoria da Liderança do PV no endereço:

http://www.jusbrasil.com.br/diarios/5204186/dosp-legislativo-08-05-2007-pg-6