sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Ruptura

23/11/2012
Numa entrevista para o Outras Palavras, Ladislau Dowbor discorre sobre as novas relações sociais que começam a superar o consumismo, a devastação ambiental e a desigualdade. Esta enorme mudança de paradigma, para Ladislau, está promovendo imensas transformações. Veja abaixo a entrevista na íntegra.

Por: Inês Castilho, do Outras Palavras
Fonte: wwww.mercadoetico.com.br

Duas previsões opostas, porém igualmente verossímeis, são comuns quando se debatem os sentidos do século 21. Há quem mire, com otimismo, as grandes mobilizações sociais; a valorização da autonomia e das redes cidadãs não-hierárquicas; a tentativa de superar a crise da representação e reinventar a democracia; a expansão da consciência ambiental. Um olhar mais pessimista chama atenção para a ultra-concentração de riquezas; o esvaziamento da política, colonizada pelas grandes corporações (especialmente financeiras); a devastação da natureza e a procrastinação, pelos governos, das medidas que poderiam evitar grandes desastres naturais.
Coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro (NEF) da PUC-São Paulo, o economista Ladislau Dowbor parece prestes a dar um passo além desta disjuntiva. Ao desnudar alguns dos fatores que estão por trás das incertezas contemporâneas, seus estudos recentes desenham um modelo em que riscos e de oportunidades não são estanques: estão sobrepostos no mesmo cenário. Aparece com clareza, então, uma alternativa além do pessimismo ou do otimismo. Ladislau lembra que, mais uma vez, o futuro está em aberto – e identifica os possíveis pontos da ruptura.
Esta visão de conjunto desenhou-se, com clareza, num diálogo que o economista – um dos intelectuais brasileiros mais mergulhados no debate sobre as crises globais – manteve com a pesquisadora e jornalista Inês Castilho, colaboradora de Outras Palavras. Ele ocorreu no âmbito do estudo qualitativo Política Cidadã, que o instituto Ideafix produziu para o IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade).
Há uma grande novidade civilizatória, explica Ladislau, por trás de boa parte do que enxergamos como “tendências positivas” da atualidade. A produção imaterial agora ocupa o centro da Economia. O valor dos produtos e serviços está cada vez menos nos materiais neles envolvidos, e mais no conhecimento, cultura e criatividade que permitiram gerá-los. Nenhum destes fatores, explica o professor, é regido pela “lógica da escassez” em que se baseia a teoria econômica convencional. Significa, em outras palavras, que sobre eles não pesa o princípio da propriedade – algo central ao capitalismo. Se divido um prato de comida, ou uma fábrica, resta-me apenas uma parte do que antes possuía. Mas ideias, inovações, talentos e afetos multiplicam-se, quando compartilhados.
Esta enorme mudança de paradigma, prossegue Ladislau, está promovendo imensas transformações. O conhecimento e a informação podem circular livremente, graças a iniciativas como a Wikipedia; a sites, blogs e redes sociais; ou movimentos como a Primavera Científica e as grandes bibliotecas abertas de universidades norte-americanas e chinesas.
Uma economia baseada no imaterial e no conhecimento exige muito menos intervenções sobre a natureza. Além disso, prossegue Ladislau, “casa muito bem com serviços sofisticados (Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Lazer, Segurança) e com sistemas participativos, descentralizados, gestão local, políticas urbanas e redes”.
Conjugados, estes dois fatores insinuam uma utopia já em construção. Numa sociedade em que o principal fator de produção (o conhecimento) não é propriedade privada, mas bem-comum, seria perfeitamente possível redistribuir constantemente a riqueza. Imagine, por exemplo, uma renda cidadã paga a cada ser humano independentemente de trabalho, e capaz de assegurar vida digna. Associe esta garantia à possibilidade de dar sentido social a seus talentos e criatividade, participando de uma rede de prestadores de serviços públicos – educadores, profissionais de saúde, operadores do sistema de transporte coletivo, cuidadores de idosos ou produtores de audiovisual, por exemplo.
Por que, então, estas tendências não se tornam dominantes? Ladislau chama atenção para a inércia das velhas relações de poder e da economia que foi hegemônica nos séculos passados. Como desencadear políticas públicas que restrinjam o uso do carro individual e desmobilizem, portanto, boa parte da produção automobilística? De que forma desalojar, do aparelho de Estado, as construtoras de grandes obras rodoviárias e projetos faraônicos? Ainda mais difícil: como desmontar os mecanismos financeiros que capturam a riqueza social e a concentram nas mãos de 1% da sociedade, ou ainda menos?
Na encruzilhada em que estamos, qual das duas tendências prevalecerá? Ambas têm tanta força que, em diálogos mais recentes (como no lançamento do projeto Primaveras, em 24/10), Ladislau chegou a formular uma terceira hipótese. As transformações históricas exigem, muitas vezes, grandes fraturas. Foram necessárias duas guerras mundiais, e o fantasma da União Soviética, para que surgisse na Europa e América do Norte o Estado de Bem-estar social – hoje moribundo. Será necessária a catástrofe climática para que uma Economia do Bem-Comum e do Compartilhamento torne-se hegemônica? Ou seremos capazes de tramar rupturas mais humanas e suaves? O diálogo entre Ladislau Dowbor e Inês Castilho vem a seguir (A.M.)

Brasil de Fato – Gostaria que o senhor falasse do seu trabalho sobre os megatrends, as grandes tendências atuais do planeta, e do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP.
Ladislau Dowbor – Trabalho com a convergência das crises, fatores que antes eram avaliados de maneira independente, como por exemplo as tendências das populações, analisadas por demógrafos, as climáticas, por oceanógrafos e assim por diante. Somos sete bilhões de pessoas no planeta, 80 milhões a mais a cada ano, o que significa mais 220 mil pratos de comida na mesa a cada dia: qual é o impacto disso? Os impactos são cada vez mais visíveis, e exigem estudos permanentes. Estamos contaminando a água, tanto os rios, lagos e lençóis freáticos, como até o Golfo do México, o Báltico e certas regiões do Mediterrâneo, que já estão mortas. Contaminamos os solos por excesso de quimização, de agrotóxicos. As mudanças climáticas são estudadas nas suas diversas manifestações.
Não menos importante, as dimensões sociais: a pobreza, as migrações devido aos desastres climáticos, os impactos econômicos da desigualdade. Temos um bilhão de desnutridos, 1,5 bilhão sem acesso a água limpa. Estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria.
Há ainda o problema do caos econômico que está sendo gerado – não só o financeiro, mas o mercado mundial de commodities, a especulação com o petróleo e o descontrole nas áreas de comércio de armas, de produtos farmacêuticos, dos produtos químicos. Na ausência de governo mundial, de sistemas multilaterais de controle, gerou-se o caos especulativo.
BF – O cenário é mais sombrio do que se imagina?
LD – Uma pesquisa da Austrália perguntou aos cientistas por que os fatos se mostram mais graves, no geral, do que as previsões apresentadas nas várias reuniões sobre a questão ambiental – Estocolmo em 1972, Clube de Roma [conhecido pelo relatório Os Limites do Crescimento, de 1972], Eco-92 no Rio de Janeiro, Johanesburgo em 2002. Eles responderam que tentam reduzir os números para ganhar credibilidade, porque as pessoas se assustam. A cada reunião reajustam-se as cifras para cima, cresce a compreensão de que a janela de tempo de que dispomos é limitada.
E também porque existe um sistema mundial de construção de opinião pública por grandes empresas de relações públicas. Elas se especializaram em criar uma boa imagem das grandes corporações, como a da British Petroleum depois do desastre do Golfo do México; ou a campanha das empresas particulares de saúde dos EUA para tentar travar a aprovação de uma lei de saúde pública; as grandes campanhas para dizer que o fumo não gera câncer; ou ainda para convencer as populações de que limitar o acesso a armas de fogo seria uma limitação à liberdade. Vale tudo. São imensas campanhas, gerando o chamado “negacionismo”.
A campanha para dizer que não há aquecimento global faz parte dessas grandes iniciativas articuladas. Tem um belíssimo livro, Climate Cover-Up: The Crusade to Deny Global Warming, de James Hoggan. Ele explica como funcionam as campanhas de construção de opinião pública, hoje uma grande indústria.
Temos aqui na PUC-SP um pequeno Núcleo de Estudos do Futuro que trabalha sobre esses processos e também se articula com outras instituições. Na linha dos megatrends, ou macrotendências, promovemos estudos sobre dinâmicas de longo prazo, e também mudanças metodológicas como sobre o PIB, ou estudos setoriais como o livro sobre energias renováveis no Brasil. Disponibilizamos esses textos online, em regime Creative Commons.
BF – A grande mídia estaria articulada com a construção dessas visões da realidade?
LD – A grande mídia está visceralmente ligada a quem paga a publicidade. As grandes empresas de publicidade costumam se identificar com os interesses das grandes corporações – que são as que pagam a publicidade. Trata-se em geral de grandes empresas, as padarias não fazem propaganda nesse nível. Os setores financeiro, farmacêutico, automobilístico são típicos. O custo é colocado no produto que a gente paga. Assim, esse dinheiro financia as empresas de publicidade, uma grande indústria internacional, que por sua vez financia a mídia.
Isso se reflete na área editorial: primeiro porque a mídia nunca vai falar mal das corporações que a financiam; segundo porque se mantém presa a uma programação atrativa à média da população – já que os custos da publicidade são definidos pela quantidade de espectadores e leitores. O circuito se fecha: não se informa sobre os sistemas econômicos e os problemas e coisas desagradáveis. Em compensação, enche-se a televisão de PMs perseguindo bandidos no morro e coisas do gênero. Vai-se assim gerando uma indústria da burrice e uma indústria do medo.
Uma pesquisa dos Estados Unidos diz como aumenta o sentimento de insegurança das pessoas, independentemente do nível de criminalidade, em razão do uso da segurança pública como matéria-prima para atrair leitores ou espectadores de televisão. A solução organizacional e institucional e a forma de financiamento do processo deformam o nosso acesso à informação.
BF – Em que medida as novas mídias tornam mais livre o acesso ao conhecimento?
LD – Em vários níveis. A mudança importante é que o processo se inverte, a filosofia muda. As coisas circulam pela qualidade, e não porque os Mesquita, Civita, Marinho ou Frias querem que as pessoas pensem assim ou assado. As informações circulam pela demanda, e não pelo que vão render de publicidade. Um bom artigo é repassado nas redes porque as pessoas gostaram, e quando gostamos de algo a reação imediata é compartilhar esse gosto. A tendência é a intensificação da leitura definida pela demanda, e muito menos pela oferta forçada a um leitor ou telespectador passivo.
Tem gente, como eu, que disponibiliza toda a sua produção científica online. A tiragem típica de uma revista científica em uma universidade é de 800 exemplares, e a leitura é mínima. A partir do meu site, centenas de textos científicos são baixados diariamente. Como estão na internet, estão permanentemente disponíveis, não é noticiário de momento jogado no lixo, como jornal de ontem. E são utilizados em Angola e outras regiões onde não há dinheiro para comprar livros, nem disponibilidade nas bibliotecas.
Além de assegurar muito mais conhecimento na base da sociedade, o conhecimento circula em função da qualidade. Por exemplo: Joan Martínez Alier publicou na Universidade de Barcelona um artigo extremamente competente sobre os impactos ambientais da empresa americana Chevron-Texaco no Equador. Recebo esse artigo porque várias pessoas leram e disseram: “é excelente, o Ladislau precisa ler”. Leio e mando para um monte de gente, porque é excelente. Isso em nível individual. Existem hoje milhões de blogs – estou batalhando para que na PUC todos os professores tenham o seu blog e a gente construa uma comunidade online. A resistência é grande, há uma mudança cultural pela frente.
Em nível institucional, um exemplo: o MIT- Massachusetts Institute of Technology criou a partir de 2003 o OCW-Open Course Ware. Todo o trabalho dos professores, mais de dois mil cursos, está disponível online gratuitamente. No ano seguinte já a China conectou nesse sistema as suas 12 principais universidades: todo cientista chinês, ao criar um produto científico – um curso, um livro –, disponibiliza-o online no sistema e recebe um pagamento do governo. É uma solução institucional e organizacional interessante: milhões de chineses têm acesso à ciência gratuitamente, online. E quando se tem acesso à ciência se cria mais ciência, porque inspira e dá ideias. Hoje temos muitos países conectados ao OCW, várias instituições no Brasil – se você entrar no site do OCW Consortium, que articula mundialmente esse conjunto, vai ter os países e as instituições. Na China se chama CORE, China Open Resources for Education. Enquanto isso, na PUC, USP e outras universidades brasileiras ainda trabalhamos com pastas de professores e xerox de capítulos isolados. É pré-histórico.
BF – Voltando à questão das novas mídias…
LD – É muito mais do que mídia alternativa. É o fato de que as pessoas disponibilizam conhecimento segundo a relevância efetiva que tem para elas e buscam de maneira temática as informações de que necessitam. Isso, em outro nível, gera um sistema de newsletters que começa a concorrer efetivamente. Carta Maior é recebida por centenas de milhares de pessoas, temos o Envolverde, Mercado Ético, IHU, inúmeros grupos que redistribuem e fazem circular informação inteligente. E temos informação tradicional que se adaptou, como o The Guardian, no qual você pode encontrar informação internacional extremamente atualizada, gratuitamente, a partir do celular ou tablet, sem complicações de senhas, pagamentos, cadastros. É um serviço público a partir da esfera privada.
Os que se aferram à mídia antiga, e ao controle político e comercial da mídia, declaram guerra a estas formas abertas de acesso. Você liga o rádio e ouve: “seja ético” – o que é uma bobagem. Ser feliz sozinho é deprimente. Quando ouço uma música bonita penso: vou mandar para fulano. Criminalizar isso é patológico: o Brasil é de uma hipocrisia quase escandalosa, ao inverter a noção de ética. O prejudicado não é o músico, que só tem a lucrar com a divulgação. São os grandes intermediários, os donos da chamada indústria cultural, que não criam nada mas travam o acesso. O copyright é legítimo na forma como surgiu: uma editora que produz um livro não quer que outra editora aproveite o eventual sucesso comercial. Mas criminalizar o uso não comercial é inclusive uma burrice econômica, além da deformação do conceito de ética.
E existe agora esse fantástico avanço do tagging: o endereço e o código de cada documento. Estamos em um nível que, se quero estudar desemprego jovem em periferias metropolitanas, coloco esses termos no Google ou em qualquer outro buscador e tenho centenas de artigos sobre o que acontece nas periferias de Beijing, Xangai ou Moscou – e posso compor essas visões em uma articulação nova sobre a base do conhecimento acumulado. Fazer articulações inovadoras sobre a base de conhecimento acumulado chama-se ciência. Isso é inovar. Neste sentido, o acesso aberto online é muito mais do que a gratuidade, é a abertura e flexibilidade de cruzamento de informações e avanços científicos de qualquer parte do planeta, de qualquer área científica, que gera a presente explosão de inovações. Não à toa milhares de cientistas americanos geraram o movimento Science Spring, primavera científica, na linha da primavera árabe, e boicotam as revistas indexadas. Chega de intermediários que cobram pedágio sobre as inovações dos outros.
A inovação é um processo colaborativo: ninguém inova sozinho. Tem um livro muito bonito, Cognitive Capital, em que o autor Clay Shirky lembra que se não fossem as universidades terem desenvolvido os microprocessadores, os chips etc, um Bill Gates ainda estaria trabalhando com tubos catódicos – aqueles antigos de televisão. A inovação é uma maré que levanta todos os barcos, só que alguns querem cobrar pedágio sobre as inovações de todos.
Então, esse talvez seja o megatrend que atravessa todo o conjunto: o conhecimento se desmaterializa. Quando escrevo a letra a, preciso gastar tinta e papel; mas o digital é uma combinação de zeros e uns que pode ser feita com luz acesa ou apagada, polo magnético positivo ou negativo, intensidade maior ou menor de fótons – estou nas ondas eletromagnéticas. Instala-se um sistema de satélites geoestacionários ao redor do planeta que retransmitem esse conhecimento – e o planeta passa a ser banhado em conhecimento. Esses satélites ficam a 36 mil km de altitude, uma altitude da qual podem acompanhar exatamente o movimento da Terra – e tem-se a cobertura completa do planeta em conhecimento.
O que está acontecendo é que o conhecimento não está mais na cabeça do professor, está no ambiente, ou na nuvem. Isso significa que a educação tem que passar a ser articuladora, organizadora de conhecimento, muito mais do que lecionadora. Esse fluxo de conhecimento online leva à ruptura do fatiamento: isso é química, aquilo é física, e um não se mete no outro – isso está indo para o brejo. As escolas, as universidades com seus diplomas estão se tornando um conjunto de estruturas desesperadamente desatualizadas, relativamente a todas essas transformações possíveis.
BF – E qual é a escola necessária?
LD – A escola necessária é muito menos lecionadora e muito mais articuladora de conhecimento. Seymour Pappert escreveu A Máquina das Crianças, The Children’s Machine, um livro sobre as inovações educacionais na era do computador, em 1993. Conta ali a história de uma professora de informática que, sentindo-se cada vez mais sem jeito porque os alunos estavam indo mais rápido que ela, num momento de crise tem um ataque de bom senso e diz: “meninos, vocês claramente estão indo mais rápido que eu. Mas sei organizar conhecimento e sei discutir com vocês como usar esses instrumentos. Então vou parar de dar aula e passar a ser uma assessora organizacional para vocês construírem novos conhecimentos através desse instrumento.” Isso é a nova escola. Se você lê José Pacheco, da Escola da Ponte, a visão é essa.
BF – É uma escola-referência?
LD – É uma escola-referência. Pegue os Recursos Educacionais Abertos (REA), ou o Projeto Folhas, da secretaria de Educação do estado do Paraná: não tem mais livros-textos na aula. Eles selecionaram professores voluntários, dispostos a elaborar textos com o que acham que as crianças querem aprender, pensando junto com elas. Deram ano sabático para eles poderem se dedicar, e cada texto é elaborado por esses professores junto com os alunos, numa produção online. Eles contam com núcleos universitários de apoio para as dúvidas técnicas, e triangulam isso permanentemente com a secretaria de Educação. Vão assim construindo de forma colaborativa, e incluindo os eixos de interesse dos alunos. Quando aparece uma bobagem, é corrigida na hora: não dá escândalo, a Folha de São Paulo não pode fazer uso político de um erro no livro-texto.
E mais, quando surge uma nova pesquisa o professor recebe uma notinha no e-mail, dizendo: “atualize tal coisa no livro.” Os professores vivem a educação, participam do que estão ensinando. E o sentimento do aluno é de que está trabalhando online, com coisas relevantes. Ele aprende a trabalhar por problema. Um texto sobre água, por exemplo: água é vida, é lazer, água é meio de transporte, irrigação, cultura e dinâmica ambiental. Podemos, sim, ir além das disciplinas, do conhecimento fatiado.
É uma revolução, e está acontecendo – sempre com muita resistência, da mesma maneira que na área comercial as grandes corporações resistem. Estou batalhando aqui na PUC para adotarem o OCW – o que seria óbvio. É patético que ainda tenhamos que tirar xerox de um capítulo, e não do livro inteiro, porque não pode. Para o aluno, que tem uma bagagem pequena, é ruim ler um capítulo isolado. Assim trabalhamos, em pleno século XXI, quando outros países já estão em outra fase: nesses poucos anos, só no OCW-MIT, mais de 50 milhões de textos foram baixados. Imagine a contribuição ao conhecimento planetário. E os professores passaram a se sentir mais úteis, sem esperar “pontinhos” por publicação.
BF – Isso configura uma revolução na economia?
LD – O que acontece é que todo o referencial está mudando. Por exemplo: o que estou falando para você não tira nada de mim, e pode acrescentar algo de valor a você. Mais: falando, eu penso, “não tinha percebido tal coisa”. E você vai recriar o que eu disser. Essa máquina aqui [um gravador digital] deve ter 3% de matéria-prima e trabalho físico, 97% é conhecimento incorporado – design, pesquisa etc. No mundo, hoje, 3/4 do valor dos produtos é conhecimento incorporado.
Quanto mais se generaliza conhecimento, mais se enriquece a humanidade. Pense no conceito dos economistas – de que economia é a alocação ótima de recursos escassos. Como perceber a economia quando o recurso deixa de ser escasso, e além disso pode ser retransmitido livremente, instantaneamente, sem custos, pois as ondas eletromagnéticas são da natureza? E com custos de transação praticamente nulos? E não é uma inundação, o conhecimento pode circular pelo planeta e ser acessado de maneira inteligente por meio de algoritmos que permitem foco e seleção precisos. Esse é o tamanho da revolução da chamada economia do conhecimento. O conhecimento é um fator de produção cujo consumo não reduz o estoque.
BF – E começamos a assistir ao uso das redes sociais para a mobilização política. Como vê isso?
LD – O pano de fundo mais amplo para toda essa mobilização, além do twitter e das manifestações, é que os pobres hoje não são mais como os pobres de antigamente. Quando de meu primeiro trabalho, como jornalista do Jornal do Comércio do Recife, na área rural, pobre era sim, sinhô pra tudo, resignado, analfabeto. Hoje ninguém mais está dizendo sim, sinhô.
Passando por África, bem no interior, encontrei um descalço, indo a pé, com seu turbante. Tinha havido uma ruptura de chuvas – uma seca, falta de água para a colheita seguinte. Perguntei: “como vocês vão fazer com a safra?” Ele olhou para mim com tranquilidade e disse: “quero saber o que vocês vão fazer.” Viu meu carro, que sou branco, da capital… São muitos os informados, sabem que podem ter acesso a uma saúde decente para os filhos, direitos de cidadania. É um despertar prodigioso.
Há algumas cifras de referência que são úteis: somos sete bilhões de habitantes no planeta, dos quais quatro bilhões são “pessoas que não têm acesso aos benefícios da globalização”– como diz o Banco Mundial, educadamente, pois não gosta de dizer “pobres”. Um bilhão dessas pessoas passa fome, e 180 milhões são crianças. Destas, entre 10 e 11 milhões são reduzidas à morte, todo ano. São dados recentes da Unicef e da FAO. Não estamos matando, estamos deixando morrer, isso porque temos os recursos, os conhecimentos, as tecnologias.
Estamos vendo morrer 12 milhões de pessoas no Chifre da África, de AIDS já morreram 25 milhões – e estamos discutindo o valor das patentes. É insustentável. Em paralelo, há facilidade de adquirir informações que mudam a atitude das pessoas. Esses 2/3 da população mundial reduzidos à miséria estão em grande parte nas cidades, não mais isolados no campo. No Brasil, 96% dos domicílios têm tevê. Celular, então…
BF – Mesmo considerando que a tevê informa mal, deforma?
LD – Sem dúvida informa mal – mas as coisas chegam, circulam. Digamos que, com essa expansão do acesso ao conhecimento e acesso inteligente das mensagens, as pessoas podem traduzir o seu desespero individual na compreensão de que se trata de um processo social e não de sua própria incapacidade. Os pobres estão começando a compreender. Um padre latino-americano me falou certa vez: “se ajudo um pobre, dizem que sou santo; se pergunto por que razão ele é pobre, dizem que sou comunista.” Achei interessante…
De um lado temos esse imenso desafio ambiental – as situações críticas que estamos provocando; e de outro o desafio social – que está explodindo: até os índios Aymara estão se mobilizando. E tem um terceiro eixo, o caos financeiro que estão gerando, a desorganização do sistema produtivo. São tão gananciosos que querem fazer dinheiro com dinheiro, não sabem sequer financiar de maneira inteligente o processo produtivo, para ser remunerados com ele.
Estamos começando a entender as sinergias. Por exemplo, o permafrost da Sibéria, aquele gelo acumulado há séculos sobre toda a Sibéria, que não derretia no verão, só em parte, mas se mantinha congelado e branco, e portando refletia o calor – derreteu com o aquecimento global. São milhões de quilômetros quadrados hoje escuros, que absorvem, a invés de refletir o calor – gera-se um feedback do processo de aquecimento. Começamos a entender como interagem os diversos processos. É um exemplo a mais. Hoje entendemos a seriedade das situações, porque tudo está sendo estudado, e porque nos últimos anos e nas últimas décadas se fechou a fronteira estatística do planeta. Sabemos o que está acontecendo.
BF – Como assim?
LD – Não há mais “buraco negro” – regiões da África em que não se sabia quanta população há, por exemplo. Está tudo mapeado. Com o cruzamento dessas informações a gente consegue entender: estamos destruindo a água, que já é chamada de ouro azul. Em 200 anos teremos liquidado com o petróleo, que se acumulou em 200 milhões de anos. O petróleo fácil acaba nos próximos 20 anos. Liquidar com o petróleo, uma preciosidade que deve servir às gerações futuras da humanidade, para andar de moto e jet-ski ou ficar parado nas avenidas… haja bom senso!
Temos a liquidação da cobertura florestal do planeta – agora o eixo principal do desmatamento está na Indonésia. O Brasil conseguiu uma vitória fantástica, com Marina Silva e depois com Carlos Minc, que foi reduzir de 28 mil km² para 7 mil km² o desmatamento anual da Amazônia. Continua sendo um desastre, mas foi uma vitória. O governo Lula foi o primeiro a não colocar ministros do meio ambiente decorativos.
Pegando segmento por segmento, a gente constata os desastres, como por exemplo o da destruição da biodiversidade. Passamos a entender que as cadeias alimentares são todas conectadas, uma colabora com a outra, uma vive da outra – e fomos cortando uma por uma. No plano dos oceanos, como estamos emitindo mais dióxido de carbono, os oceanos absorvem mais e se tornam mais ácidos; com isso, fica reduzida a capacidade de formação óssea de tudo o que exige cálcio, como as conchas e os corais.
Tem um livro belíssimo do Fred Pearce, When Rivers Run Dry, Quando os ricos secam, em que ele conversa com grandes agricultores indianos. Eles têm bombas que puxam 12 metros cúbicos de água por hora, a 350 metros de profundidade, muito mais que a capacidade de reposição do sistema de chuvas local; o argumento é: “se não for eu, vai ser outro”. A pedido do governo africano, fui falar com uma empresa de pesca que estava exaurindo os recursos pesqueiros da África Ocidental. O argumento foi o mesmo: “meu amigo, tenho 100 milhões de dólares empatados em pesca industrial, tenho que recuperar o meu, e, francamente, se não for eu…”. Há uma corrida para ver quem chega primeiro, antes que acabe. Em nome do liberalismo econômico.
BF – Será possível construir uma governança global para cuidar do planeta?
LD – Estamos frente a uma mudança necessária de governança, o processo decisório tem que mudar. Globalmente. Na sua hierarquia completa, nos seus problemas planetários, cada problema planetário sendo enfrentado em cada cidade.
Em São Paulo andamos de carro a 14 km/h, em primeira e segunda. O paulistano perde 2h40m por dia em deslocamento no trânsito. O transporte individual sai imensamente caro, polui e as pessoas não se movem. Estive agora na China: Xangai tem 420 km de metrô. O trajeto diário escola-trabalho-casa, todo mundo no mesmo horário, é chutado para debaixo da terra, por eletricidade, que não polui. Estive em Beijin, Xangai e outras cidades, vi poucas motos movidas a gasolina: é tudo elétrico. Aqui no Brasil essa moto não entra por interesses das empresas tradicionais, japonesas e outras. O equivalente de uma Biz, só que elétrica, custa na China 350 reais. Um motorzinho elétrico, uma bateria, o resto é lataria e borracha. E não polui. A moto no nosso trânsito emite o equivalente a 6 carros.
O grande vetor dessa mudança necessária é o acesso ao conhecimento e à informação. Por que as pessoas aceitam pagar 160% de juros do cheque especial ao ano, no Santander? Porque elas não sabem que na Espanha o mesmo cheque especial, até 5 mil euros, custa 0% por 6 meses. As pessoas ignoram, por exemplo, que quando você compra vitamina C numa caixinha, o conteúdo efetivo de ácido ascórbico custou à empresa apenas três centavos. O resto é embalagem, publicidade – “uma tampinha que faz ‘poc’” – daí que apenas 1/3 da população tenham acesso à vitamina C.
A base produtiva dos países está mudando. Antigamente eram bens essencialmente materiais, hoje o principal eixo de atividade econômica não é indústria, não é agricultura – atividades por excelência do século XX. A gente sabe o que é agricultura e indústria, todo o resto chamamos de serviços, e dentro de serviços o que se vai encontrar são as políticas sociais: saúde, educação, cultura, segurança, habitação, esporte, lazer. Que são densos em mão de obra, em interações pessoais, e portanto densos em organização social.
O maior setor econômico dos Estados Unidos, hoje, 17% do PIB, é saúde. As atividades estão se deslocando para essa área, que funciona de maneira diferente: não se põe saúde em container, não tem concorrência da China. O IPad é feito na China, mas a educação, não.
Quais são os sistemas que funcionam no Brasil? Pastoral da Criança, Programa de Saúde da Família – porque política social é contato, é professor com aluno, são sistemas em rede, horizontais. Há um deslocamento planetário dos empregos, das atividades econômicas para os chamados bens de valor imaterial, e o imaterial casa muito bem com sistemas participativos descentralizados, gestão local, políticas urbanas, sistemas em rede. Isso significa que os movimentos sociais têm como crescer, não porque a gente é de esquerda e gosta de Ong, mas porque funciona. Não há uma organização no Brasil que se compare, em competitividade, com a Pastoral da Criança: com R$ 1,70 por criança/mês, atingiram 50% de redução de mortalidade infantil, 80% de redução de hospitalizações. Os planos de saúde comerciais ficam indignados com a eficiência do terceiro setor, os velhos interesses buscam criminalizar os movimentos sociais.
Não podemos olhar o século XXI com o olhar do século XX. Há um deslocamento intersetorial de onde estão os empregos e as atividades. O que leva à sociedade em rede, a Manuel Castells, a todas essas compreensões da reestruturação da sociedade.
BF – E isso potencializa a mobilização política?
LD – Isso gera uma base econômica para a sociedade articulada. Quando se produz tênis Nike, vai para fábrica, volta para casa e não organiza nada; despacha por conteiner, vende nas lojas, nos shoppings. Quando faz sistemas sociais, você articula a sociedade e a torna forte. Isso gera uma apropriação da política pela base da sociedade.
Uma coisa interessante: a Suécia, que é muito adiantada nesses processos, tem uma taxa de impostos elevada, de 60% – a nossa é baixa, de 35%. No entanto, de toda a massa de dinheiro dos impostos, de recurso público, 72% são administrados em nível local, diretamente com as comunidades. É uma política apropriada pela base, tem um aprofundamento da democracia, como em Boaventura dos Santos.
Gostaria de recomendar o meu pequeno livro Poder Local, da Brasiliense, e meu estudo As políticas sociais e transformação da sociedade, que ajudam a entender essa dinâmica. Está tudo no meu blog. No ensaio Democracia Econômica, também online, faço um painel de 20 eixos de grandes transformações. É um livro pequeno. Aliás, fiz um grande, A Reprodução social, e aí os alunos disseram: “professor, livro que fica de pé?!”. Nunca tinha pensado nesse critério.
BF – O senhor é otimista em relação ao futuro?
LD – Sou um pessimista ativo, digamos, faço tudo para as coisas melhorarem. Não acredito que haja pessoas boas e pessoas más – todos temos dimensões boas e más. Trata-se de criar instituições que tirem o melhor de nós. Há espaço para isso: estou vendo a multiplicação das organizações da sociedade civil, o surgimento da mídia alternativa, a conscientização sobre os desafios planetários, a indignação com a desigualdade, o funcionamento das políticas redistributivas. Só que uma coisa são as dinâmicas que melhoram os processos, e outra é a janela de tempo que temos – o petróleo está acabando, os mares estão contaminados, os rios nem se fala, as florestas estão acabando, a biodiversidade vai para o brejo e o clima está explodindo.
BF – Haverá tempo?
LD – É complicado, porque são processos de inércia muito profunda. Tome a imagem do Titanic: o cara vê o iceberg a 2 km, que é longe; mas 2 km para o Titanic já era, porque até ele começar a mudar de rumo, não dá tempo. Se começarmos a mudar um conjunto de emissões de dióxido de carbono hoje, até 2040 não mudou nada, as condições já estão dadas.
O Lester Brown, que é o melhor estudioso desses problemas, trabalha com a visão de que não sabemos onde vai se dar a ruptura. Como estão se exaurindo os aquíferos, muitos países, particularmente no Oriente Médio, já não têm mais grãos, porque não têm água para os cultivos, e então se tornaram importadores. Conforme vão se acelerando as contaminações e a liquidação dos aquíferos, haverá uma bolha alimentar. Já existe no planeta um bilhão de pessoas passando fome, e pode haver uma explosão muito mais violenta. Há necessidade de mudar o paradigma energético: estamos investindo mais em aeroportos, enquanto a Europa já saiu do aeroporto e está indo para os trens, está reduzindo a velocidade.
É difícil saber onde vai se gerar uma ruptura sistêmica e quais as conexões intersistêmicas dessas rupturas. A atitude é a da chamada precaução: tudo o que gera uma sociedade mais informada é legal, tudo o que articula, organiza a sociedade e lhe dá instrumentos de controle é bom, tudo que tira as patas das corporações de dentro do governo é bom. O que conscientiza, o que gera sistemas educacionais, o que gera um sistema aberto de acesso ao conhecimento, reduz patentes e copyright – são coisas que efetivamente podem funcionar, melhoram a resiliência do conjunto.
(Outras Palavras)

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Centro de Pesquisas da Petrobras desenvolve robô que alerta sobre a presença de larvas do mosquito da malária

Alana Gandra - 14/07/2011
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Robô Ambiental Híbrido Chico Mendes, criado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), em 2005, para fazer o monitoramento da região onde está sendo construído o Gasoduto Coari-Manaus, na Amazônia, é a grande “vedete” do Laboratório de Robótica da Cenpes. Ele consegue atingir lugares onde não é possível chegar pelos meios convencionais. A máquina pode se movimentar na água, na terra ou no pântano. Tem quatro rodas e uma estrutura que a protege de acidentes e com capacidade, inclusive, de alertar sobre a presença de larvas do mosquito da malária.
O equipamento, que funciona por controle remoto, está sendo desenvolvido para ser operado por uma pessoa em seu interior. “A nossa ideia é fazer um [robô] que tenha espaço para uma pessoa dentro”, disse hoje (14), à Agência Brasil, o pesquisador do Cenpes, Ney Robinson Salvi dos Reis. Ele participou do seminário sobre inovação tecnológica brasileira na indústria de robôs, promovido pelo Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro.
Os pesquisadores do Cenpes estão trabalhando nessa modalidade do robô ambiental há cinco anos. A previsão é sete anos para alcançar uma “cabeça de série [pequenos lotes de produção]”, disse Reis. “Nós estamos trabalhando nele há cinco anos. Daqui a pouco, sai uma fornada aí”, completou.
O Cenpes autorizou este ano que sejam iniciadas as pesquisas para obtenção de cabeças de série do robô híbrido, partindo dos testes feitos na Amazônia. Na região, o Cenpes realizou, em dezembro passado, uma simulação de vazamento de petróleo no Rio Negro, que ocorreu durante o evento internacional Mobex Amazônia 2010, do qual participaram mais de 150 representantes de 27 países. O evento foi realizado pela primeira vez no Brasil, com objetivo de aprimorar as ações de resposta a grandes emergências ambientais.
O Laboratório de Robótica do Cenpes está preparando ainda projetos para responder ao desafio da exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, visando ao pré-sal. “O laboratório de robótica tem essa incumbência de fazer ferramentas especiais para intervenções submarinas”.
Ney Robinson Reis disse que o Brasil tem todas as condições de desenvolver projetos na área de robótica, “seja para o pré-sal, seja para a Amazônia. Para qualquer coisa. É só a gente ter uma política de investimentos de médio e longo prazo”.
Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

'Precisamos fazer as pessoas andarem'

 
O britânico Rodney Tolley é pesquisador há mais de 30 anos da Universidade Staffordshire e chegou a São Paulo ontem (20/09) para a conferência "Andar a Pé nas Cidades", promovida hoje pela Prefeitura em comemoração ao Dia Mundial Sem Carro. Suas pesquisas dizem que as cidades com mais pedestres têm economia mais forte. Ele falou ao Estado ontem.
Como os pedestres podem ajudar a desenvolver a economia de uma cidade?
Se você cria condições em que as pessoas se sintam mais confortáveis, elas ficam mais tempo nos lugares, fazem compras, param, tomam café, recarregam as energias e aí gastam mais dinheiro. O motorista gasta, por exemplo, R$ 50 em um passeio. Quem anda vai gastar R$ 20, mas vai voltar amanhã. No fim do mês, as pessoas andando gastam mais do que as que dirigem.
O senhor estudou o caso da Time Square, em Nova York, que bloqueou o tráfego de carros...
Lá, 90% do espaço era destinado a carros. Pessoas ficavam espremidas, havia barulho. Você tirava fotos e saía. Agora, você puxa a cadeira para o sol, toma café, vê o mundo passar. A associação comercial adorou.
As pessoas já não fazem isso em shoppings?
Eles têm ar-condicionado, segurança, tudo isso é grande atrativo. Mas o que a cidade tem de fazer é dizer para as pessoas que a vida não é só comprar. Os shoppings não têm igrejas, bibliotecas. Tente fazer uma foto lá. O segurança não deixa. É uma necessidade das cidades enfatizar os espaços públicos.
E para onde vão os carros?
Os carros só ocupam espaço porque criamos ruas. Simplesmente tirem os carros. Lá, não ficaram cinco anos pensando nisso. Fizeram em um fim de semana, da noite para o dia.
A economia do Brasil está crescendo e todos querem carros. Políticos receberiam críticas se adotassem medidas assim...
Estamos em um ponto muito interessante da história. O clima está mudando, os congestionamentos ficam impossíveis, há crise de obesidade. Tudo isso leva a uma mesma solução: reduzir o uso de carros e fazer as pessoas andarem mais.

Fonte: http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/precisamos-fazer-as-pessoas-andarem

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Semana da Mobilidade 2012 - de 16 a 22 de setembro

 
A mobilidade é uma questão central em todas as cidades do mundo – está diretamente ligada ao acesso à cidade e aos serviços públicos, ao meio ambiente e à saúde da população. Neste sentido, organizações de várias cidades do mundo decidiram dedicar uma semana - de 16 a 22 de setembro (quando é comemorado o Dia Mundial Sem Carro) - para refletir, debater e promover ações para melhorar a mobilidade.
Em São Paulo, frente aos inúmeros congestionamentos, inadequação de calçadas e danos à saúde e ao meio ambiente provocados pelo excesso de veículos nas ruas, a adesão à campanha se ainda torna mais urgente.
A Rede Nossa São Paulo está no sexto ano consecutivo de mobilização e busca juntar forças para a construção de uma agenda única e com poder de interferir em políticas públicas. Esta é uma grande oportunidade de chamar a atenção da sociedade civil para o tema da mobilidade urbana e dos problemas decorrentes da poluição do ar gerada pelos veículos motorizados.
Em 2012, a Semana da Mobilidade começa no dia 16/9, domingo, e termina do dia 22/9, sábado, quando é comemorado o Dia Mundial Sem Carro.
Uma série de atividades está sendo preparada pela Rede Nossa São Paulo e por organizações parceiras. Confira a programação e participe:
- Vaga Viva do Setembro Verde
Neste domingo, dia 16 de setembro, das 14 às 18 horas, em frente à Matilha Cultural (Rua Rêgo Freitas, 542 – República)

Venha transformar vagas de estacionamento em áreas de convivência para pessoas.
Organizador: Matilha Cultural
- Lançamento da Pesquisa Nossa São Paulo / Ibope sobre Mobilidade Urbana
Segunda-feira, dia 17 de setembro, às 10 horas, na Câmara Municipal de São Paulo
Sexta edição da pesquisa, inédita, que aborda os mais diversos aspectos da mobilidade em São Paulo, como o tempo gasto no trânsito, a frequência com que os paulistanos utilizam o transporte público, a satisfação com o transporte coletivo, o uso do carro etc. Para o lançamento da pesquisa está sendo convidado um representante de cada partido político. O objetivo é que eles comentem a pesquisa e apresentem as propostas de suas bancadas e de seus partidos para as questões da mobilidade. O evento também contará com a presença do vereador José Police Neto, presidente da Câmara Municipal, que apresentará os indicadores paulistanos levantados pela própria Câmara.
Organizador: Rede Nossa São Paulo
- Ciclodebate #5 – “Carrodependência tem cura?”, com Alexandre Delijaicov e Paulo Saldiva
Segunda-feira, dia 17 de setembro, das 19h30 às 22h, Auditório da Ação Educativa (Rua General Jardim, 660 – Vila Buarque)
A Ciclocidade inicia sua programação na Semana da Mobilidade reunindo dois estudiosos que praticam cotidianamente a construção de alternativas para o transporte nas cidades.
Organizador: Ciclocidade e CicloBr
- Oficina prática Bike Anjo do Idec
Terça-feira, dia 18 de setembro, às 20 horas, na Sede do Idec (Rua Desembargador Guimarães, 21 – Água Branca)
Venha aprender a andar de bicicleta com segurança em São Paulo.
Faça a sua inscrição aqui
Organizador: Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
- Balada da Mobilidade
Quarta-feira, dia 19 de setembro, a partir das 20 horas, na Rua Augusta, 822
Venha comemorar a Semana da Mobilidade começando com um Happy Hour, às 20h, seguido de uma festa! A entrada é gratuita e haverá bicicletário na porta.
- Roda de Conversa “O Desafio da Mobilidade Urbana no Brasil: Onde vamos parar?”
Quinta-feira, dia 20 de setembro, às 19 horas, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon
Debate com a participação de:
Alexandre Gomide, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea;
Maurício Broinizi, coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo;
Eduardo Vasconcelos, doutor em Políticas Públicas pela USP.
Mediação de Paulina Chamorro, da Rádio Estadão/ESPN e Eldorado.
Organizador: IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade
- Vaga Viva
Dia 21 de setembro (sexta-feira), das 8 às 18 horas, na Rua Padre João Manoel (esquina com Avenida Paulista)
A Vaga Viva consiste no uso de vagas de estacionamento para atividades de lazer e convivência entre as pessoas, com o objetivo de provocar uma reflexão sobre a relação entre a cidade e o automóvel.
Organizador: Coletivo do Dia Mundial Sem Carro
- Praia na Paulista - Ocupe seu lugar ao sol no espaço público!
Dia 22 de setembro (sábado), das 8 às 18 horas, na Praça do Ciclista (também ao lado da Avenida Paulista)
Evento: bit.ly/praianapaulista
- Slow Movie
Evento de Cinema ao Ar Livre, Pic Nic, Arte, Música e Sustentabilidade.
Dia 22 de setembro (sábado), das 15 às 22 horas, no Parque do Povo
Organizador: Slow Movie
Para outras informações sobre a Semana da Mobilidade acesse: www.diamundialsemcarro.org.br


Fonte: http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/semanadamobilidade

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A arte que transforma São Paulo

Bienal chega à 30ª edição com 28 patrocinadores e apoiadores e estende a mostra pela cidade. Campanha é assinada pela Africa

Por: Lena Castellón
Fonte: Meio e Mensagem - 06 de setembro de 2012
Uma das obras da 30ª Bienal de São Paulo: Hreinn Fridfinnsson - Thirdhouse
Uma das obras da 30ª Bienal de São Paulo: Hreinn Fridfinnsson - Thirdhouse Crédito: Divulgação

Com abertura para o público neste feriado da Independência, a Bienal de São Paulo se amplia, ganha espaços em outros endereços da capital paulista e consolida seu caráter educativo. Tudo isso possibilitado pela parceria acertada com 28 empresas. Pudera. Esta é a 30ª edição da mostra, uma das mais importantes do mundo. O projeto idealizado para este ano é tão extenso que se propõe a transformar a cidade.
Para a 30ª edição da Bienal, que tem patrocínio máster do Itaú Unibanco, os organizadores do evento fecharam acordos com outras instituições paulistanas para fazer a exibição de obras em lugares distintos, como o Instituto Tomie Ohtake, a Estação da Luz, o Masp e a própria avenida Paulista. O endereço notório da mostra, o Pavilhão do Parque do Ibirapuera, continua abrigando a maior parte das peças, que neste ano chegam perto de três mil, com trabalhos assinados por 111 artistas. Metade desse acervo foi produzida para esta exposição, que recebeu o nome de A Iminência das Poéticas. A curadoria é de Luis Pérez-Oramas.
+ A Bienal 2012 contempla mais de três mil trabalhos assinados por 111 artistas: este se chama "Mobile Radio - Do You Listen To Two Radio Stations While Falling Sleep" Crédito: Divulgação

Tamanha engenharia exigiu um esforço que deu largada dois anos antes de sua abertura. É com esse intervalo de tempo que se planeja uma edição da mostra, como conta Heitor Martins, presidente da Fundação Bienal. “Uma edição se constrói a partir das anteriores. Sobre esta 30ª, aprofundamos o programa educativo, que está muito ambicioso. A segunda característica marcante deste ano é a ocupação da cidade. A Bienal é um catalisador para transformar São Paulo em polo de arte”, afirma.

No lado educativo, isso quer dizer um conteúdo mais abrangente, que será acessado por um número maior de pessoas – de estudantes a agentes comunitários – e que envolve até a formação de professores. Dentro desse programa, são esperados cerca de 150 mil visitantes até o final da exposição, que se encerra em 9 de dezembro. O Educativo Bienal, como se chama o projeto, nascido na 29ª edição, está coordenando desde 2011 as ações planejadas para este ano. Os encontros para formação em arte contemporânea, por exemplo, se iniciaram em janeiro passado e até março já foram realizados 25 “cursos”, que atenderam duas mil pessoas. Estão na cota “patrocínio educativo” as seguintes empresas: AES Eletropaulo, Gerdau, Instituto Votorantim e Bloomberg.
O envolvimento da cidade com a mostra foi buscado para tornar o evento ainda maior. Foi uma maneira de abrir alternativas para a população e inseri-la ainda mais no conceito de economia criativa. Por outro lado, a Bienal tem alcance global e atrai visitantes internacionais para a exposição. Na edição anterior, foram recebidos cinco mil estrangeiros. Para este ano, aguarda-se um público de sete mil pessoas vindas do exterior. Para dar um exemplo desse interesse, na semana de abertura estará na cidade uma delegação de 30 pessoas ligadas ao Tate de Londres.
Outra marca que promete destacar esta Bienal é a estratégia digital. “Temos eventos de comunicação digital. Estamos explorando bastante essas mídias. Temos um grande acervo de vídeos e dá para baixar um podcast e a visita guiada pelo celular”, detalha Martins. Esse aspecto ganhou força graças ao trabalho de parceiros como a Oi e a Oi Futuro, que são patrocinadoras.

Economia criativa

Heitor Martins diz que a Bienal deste ano mostra como o mercado está vibrante. "Vivemos um desenvolvimento do setor cultural. Isso é sintoma e reflexo", comenta. Segundo ele, vários patrocinadores começam a perceber a importância do marketing cultural e passam a investir recursos próprios e projetos - a tônica sempre foi utilizar as leis de incentivo, que oferecem benefícios fiscais (para saber mais a respeito, leia "Projetos culturais lutam para obter apoio das marcas"). Para Martins, algumas companhias entendem que o patrocínio faz parte de uma estratégia que se volta também para a responsabilidade social e para programas educativos.
Em sua opinião, o mercado está percebendo uma maior capacitação de profissionais e projetos, que estão mais adequados às necessidades dos patrocinadores. "Pode-se fazer ações customizadas, alinhadas aos valores das marcas", salienta. Essa postura e o amadurecimento do setor são sinais de maturidade. "Entre setembro e dezembro São Paulo tem muitas mostras e atrações para o público. Isso não é coincidência. É um desenho feito para aumentar a oferta para a população. Isso beneficia a economia e as pessoas. Estamos em um ciclo positivo da economia criativa. A economia cresce. Investimentos na cultura também. E temos um fortalecimento das artes", explica.
Foram criados 16 anúncios pela Africa que trazem frases com fatos previsíveis como
+ Foram criados 16 anúncios pela Africa que trazem frases com fatos previsíveis como "Ex-jogadores serão candidatos". Conceito ligado à Bienal faz contraponto a essa ideia. Somadas, as peças remetem a outra proposta: a da integração pela arte Crédito: Divulgação

Campanha destaca o “imprevisível”

A Africa é a responsável pela campanha da 30ª Bienal, que procura ressaltar o caráter “único e imprevisível” do evento. Anúncios trazem temas próprios do cotidiano de um cidadão que mora em São Paulo: “Chuva complica saída para o feriado”, “Restaurante descolado lota nas primeiras noites”. Essas frases são confrontadas com a mensagem: “A maioria dos eventos é previsível. Venha a um que não é”.
Seguindo o conceito desta edição da Bienal – que une São Paulo pela arte , a campanha também promove uma integração. Os 16 anúncios, que seguem a identidade visual da mostra, formam uma única peça que se condensa em um grande olho. Segundo André Stokarski, coordenador geral de comunicação da Bienal, as 16 peças “dialogam diretamente com o conjunto de 30 cartazes produzidos para o evento". Um painel com todas as peças estará em exibição na Bienal.

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Comunicação Consciente

03/09/2012    
 Fonte:  www.mercadoetico.com.br.
Primeira mulher na América Latina a presidir, durante sete anos, um megagrupo multinacional (Young & Rubicam), e há 15 anos sócia-presidente do Grupo Full Jazz de Comunicação, a paulista de nascimento e mineira de coração Christina Carvalho Pinto não apenas impressiona. Como descreveria Guimarães Rosa, seu escritor e guru predileto, ela encanta. Não foi à toa que a Fundação Dom Cabral, na virada do milênio, elegeu o Grupo Full Jazz como o melhor exemplo de inovação empresarial no país. Se a FDC visitar o Grupo hoje, verá que a inovação ali só avançou.
Hiram Firmino, da Revista Ecológico

Considerada uma das maiores lideranças do Brasil em inovação e revitalização de marcas e setores, Christina revisitou a capital do seu estado afetivo (“Vocês não têm ideia da magia que Minas tem sobre mim; inspira, provoca…”). A convite de Alexandre Michalick, criador e presidente da Academia de Ideias, com sede na Agência Perfil de Cacá Moreno, ela se reuniu com um pequeno grupo de empresários, políticos, jornalistas e publicitários, para falar sobre o papel revolucionário da mídia como instrumento valioso, capaz de mudar a mente ainda hoje suicida e não sustentável da humanidade errante sobre o planeta em desequilíbrio ambiental. De maneira simples, convincente e até espiritual, ela explicou porque “Revitalização”, tema central de sua palestra, tal como “Sustentabilidade”, é “a chave dos novos tempos”.
Poderosa em sua comunicação, Christina antecipou porque o nome futuro e mais apropriado da Economia Verde, uma das pautas centrais da RIO + 20, será Economia do Amor. E comprovou, ao falar de sua experiência como “estrategista de criação”, de uma nova maneira de se viver, compartilhar e ser feliz sem destruir o planeta – e não apenas como publicitária -, porque é também considerada a “Dama da Nova Comunicação” do Brasil.
A Revista ECOLÓGICO também foi convidada para ouvir sua palestra e divulga aqui os principais trechos de sua mensagem e esperança. Confira!
Mulher Poderosa
Empresária, estrategista, comunicadora e, acima de tudo, revolucionária, Christina Carvalho Pinto também é líder da plataforma multimídia Mercado Ético, a mais completa do mundo sobre sustentabilidade. Neste projeto, ela se associou à economista evolucionária Hazel Henderson, uma das mentes mais geniais do planeta com foco na reconstrução macroeconômica global. Christina é também fundadora e presidente da Conteúdos com Conteúdo, empresa que cria e produz conteúdos inovadores e transformadores para todas as mídias, com mais de 200 programas de TV produzidos e veiculados. É sócia também da The Key, consultoria para empresas e marcas voltadas a prosperar na nova economia.

Em 2005, Christina foi eleita “Uma dos Dez Maiores Empreendedores Brasileiros”, pela revista Empreendedor. Em 2006, em votação aberta pela internet, foi eleita “A Profissional de Maior Significado para a Criação Publicitária no Brasil nos últimos 20 anos”. Foi eleita duas vezes, em 2004 e 2007, como “A Mulher Mais Influente do Brasil no Setor de Marketing e Publicidade”, pelos assinantes da revista Forbes e do Jornal Gazeta Mercantil.
É embaixadora brasileira do “Women´s Forum for Economy & Society”, na França. Duas vezes indicada para o Prêmio “Femme D´Affaires”. Coleciona centenas de outros prêmios nacionais e internacionais, a exemplo de “Profissional da Década”, pela Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda (Abracomp).
Conduz, semanalmente, o programa “Novos Tempos”, que vai ao ar pela TV Climatempo, sobre tecnologias limpas, novos modelos mentais, novos comportamentos e estilos de vida, empregos verdes, energias renováveis e investimento sustentável.
Articulista e palestrante de renome internacional, tendo já discursado na ONU e em outros espaços políticos estratégicos, Christina também faz parte de diferentes boards: Carbon Disclosure Project, Ethical Markets, AVAPE – Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência e Images & Voices of Hope (diálogo planetário por uma mídia ética e construtiva). Para este último, veja e participe do site em português: www.ive.org.br.
Seu pensamento inovador está destacado em mais de 20 livros de diferentes autores.
“TEMOS DE OPTAR PELA NOITE OU PELO DIA”
Nós vivemos a era da confluência e, tal como os iogues que meditam às quatro horas da manhã, quando a escuridão atinge seu ápice e dá lugar à emergência de uma nova claridade. Temos de optar pela noite ou pelo dia. Continuar como somos, dormindo e esticando a escuridão atual dos atos e efeitos que também causamos a nós mesmos, essa escolha é individual. Ela interfere e faz a diferença em tudo que somos, fazemos e influenciamos ao nosso redor. Melhor optar pela claridade, assim nos antecipamos, nos preparamos para o novo dia e para a luz que, inexoravelmente, vai nascer.
“NÃO EXISTEM MAIS EU, NÓS E OS OUTROS”
As duas ondas principais de pensamento que o setor produtivo viveu foram a revolução agrícola, em que a ordem geral era tão somente “ter que produzir”, não importa onde nem como; e a industrial. A partir da Revolução Industrial, a ordem passou a ser “competir”, a qualquer preço e em uma disputa permanente. Tornamo-nos seres competitivos, qualquer pessoa, profissional, cliente ou produto tem de matar o outro para vencer. Ficamos mais separados ainda do que já éramos. Depois veio a era pós-industrial, na década de setenta. Ela nos ensinou que tínhamos que cooperar uns com os outros para sobreviver individual e coletivamente. A onda que vivemos hoje, chamada de cocriação, é o aprimoramento da cooperação. Sabemos que somos um só e não somos nem estamos separados uns dos outros e da natureza. Não existe mais eu, nós e outros, mas o Uno, o Todo, a Vida. Estamos juntos e temos de criar a realidade que precisamos e queremos ter. Isto é possível. E urgente.
“SEM A NATUREZA,TODOS MORREREMOS!”
Sustentabilidade não é um conceito, é um sentimento que nasce de uma profunda apreciação pela vida. A vida do planeta, a vida minha, sua e de todos. Somos parte integrante da natureza. Nós também somos a água que bebemos e que constitui quase 70% de nossos corpos. Somos o ar que os nossos pulmões respiram e nos mantém vivos. Está tudo interligado. Sem a natureza fora e dentro de nós, todos nós morreremos. A diferença entre nós e os demais seres vivos é que somos a única espécie que consegue se expressar de múltiplas maneiras. Essa é a capacidade que temos para influenciar e mudar o nosso destino.
“PASSAREMOS A TRABALHAR PARA GAIA”
O novo paradigma que se impõe começa com “bio”: bio-organização, biopolítica etc. Isso nos remete doravante não somente ao entendimento racional do que é a vida, a natureza, o meio ambiente. Mas também sentimental.
Passaremos a trabalhar, liderar ou governar não só para nós mesmos; mas para Gaia, a Grande Mãe Terra, no seu sentido maior, que é a própria Vida. Não apenas a nossa, mas a de todas as espécies com as quais vivemos em total interdependência.
“SE O CLIENTE DESTRÓI, TEMOS DE RECUSÁ-LO”
Neste sentimento global que define a sustentabilidade plena que buscamos, as agências de publicidade têm de ver seus clientes também sob essa ótica: como expressões da vida e não mais como aqueles que apenas nos financiam. Se seu produto, fabricação ou processo destrói a natureza, cabe a nós o dever de recusá-lo. Essa é a nova premissa, a pergunta que temos de nos fazer, como mídia e profissionais de comunicação: a quem devemos servir? Antes de criar uma campanha de publicidade para uma marca de bebida, precisamos lembrar que, no Brasil, o alcoolismo já vitima crianças a partir dos 10 anos de idade. Lembrar que crianças e adolescentes são sim vulneráveis aos apelos lúdicos e eróticos que hoje predominam na comunicação desse setor. E que ele é a porta de entrada para as drogas.
“NÃO SOMOS LINEARES, MAS SERES QUÂNTICOS”
Não existe mais lugar para pensamento linear. Nós não somos lineares. Somos quânticos. Como criadores de nossas realidades, podemos mudar e expandir essa nova consciência de mundo. A humanidade hoje, principalmente os jovens, vive um processo de desencanto pelo cientificismo. Esse desencanto não é, de maneira alguma, pela ciência, mas pela visão estreita de que só o mundo material pode nos completar em termos de conhecimento.
Neste momento, queremos mais. Queremos ampliar nossa consciência da realidade e criar novas realidades, muitas vezes intangíveis.
“SEREMOS MENOS GANANCIOSOS E EGOÍSTAS”
A busca de um sentido para a vida e de um sentimento de unidade maior consigo e com os outros já começou. É o declínio do materialismo. Isso nos fará menos gananciosos, consumistas e egoístas. Saberemos conviver, cada vez mais, com quem pensa diferente da gente.
“MERGULHAREMOS NO CORAÇÃO HUMANO”
A questão ambiental e o sentimento da sustentabilidade estão nos fazendo ver e agir no mundo além das nossas nacionalidades. Os novos tempos possibilitam um mundo sem fronteiras, por isso as novas linguagens da comunicação precisam ser mais universais. E o único jeito de ser mais universal é mergulhar mais profundamente no coração do ser humano.
“CHEGA DE DOMÍNIO DO MEDO”
Continuar na escuridão, sob o domínio do medo, significa manter nossa voracidade competitiva. Ser autor e vítima ao mesmo tempo. É geral a exaustão provocada pela exigência de resultados num prazo cada vez mais curto e enlouquecedor. Não precisamos viver com esses punhais sobre as nossas cabeças. Podemos progredir criando novos modelos econômicos, novos estilos de vida, novos produtos e marcas mais amigáveis com o todo.
“SOMOS RESPONSÁVEIS PELOS HORRORES DA MÍDIA”
O papel da comunicação é crucial nesse novo contexto. Para falar em sustentabilidade também teremos que rever, com igual sentimento, todas as nossas cadeias produtivas.
A cadeia produtiva do estrategista, do profissional de marketing, do criativo, do construtor de conteúdos midiáticos, é a cadeia da produção de ideias. Precisamos rever a forma como construímos nossas ideias e as consequências do que produzimos, para os indivíduos e a coletividade. Somos todos responsáveis pelos horrores com que a mídia lambuza, todos os dias, nossos olhos, nossos ouvidos, nossa alma.Temos que sair do papel passivo de audiência para o papel ativo de cidadãos que, de fato, escolhem conscientemente o que querem ver e ouvir. E contribuir para a criação de uma mídia mais criativa, mas inspiradora e elevada.
“MENOS SANGUE E MENOS VULGARIDADE”
A vulgarização do ser humano, de seus sentimentos e seus valores já chegou ao limite e não pode prosseguir mais. A mídia também precisa entender isso. As pessoas não querem nem precisam ser mantidas nesse patamar alienante de desinformação. Queremos entretenimento, gargalhadas, risos e lágrimas; queremos crescer e melhorar.
Queremos menos vulgaridade, menos sangue e mais vida.
“VIRAMOS SERES CINDIDOS ATÉ NO VESTIR”
A mídia continua sombria. Essa doença da disseminação em massa dos aspectos mais trágicos da existência, somada à paixão pela vulgaridade, de tanto se repetir acabou se instalando na tela mental das chamadas audiências. Isso faz de nós seres cindidos, desconectados de nós mesmos. Não sabemos mais quem somos, o que queremos, quanto devemos pesar, o que devemos comer e como devemos nos vestir. Isso tudo vem sendo ditado por terceiros. A obediência a esses ditames, desprovida de reflexão, é uma das causas mais profundas dos estados depressivos que se multiplicam em todas as idades e classes sociais. Uma situação insustentável, em todos os sentidos dessa palavra.
“UMA NOVA MÍDIA PODE RECUPERAR NOSSA ESTIMA”
Tudo se traduz em escolha e sentimento. Nós, criadores de estratégias e conteúdos de comunicação, temos o poder de reconstruir o papel da mídia numa direção belíssima, colocando fim à hipócrita disseminação de tudo o que fere a vida. A mesma mídia, que em tantos momentos nos destrói, terá um papel fundamental, a partir de agora, no resgate da nossa autoestima perdida, das nossas raízes culturais, dos valores pelos quais vale a pena viver.
“NÃO QUEREMOS VER SÓ TIRIRICA NA TV”
Um novo ser humano está sendo forjado. Ele se reconectará consigo, com o outro e com o universo. Não quer ver só Tiririca na televisão. Ele também quer a música de Marcus Vianna e imagens de encantamento e beleza no horário nobre, no jornal, na novela, no programa de auditório. Estamos migrando para isso, até pórque é imperativo contribuirmos para essa migração. Passando da era da informação para a do conhecimento, da consciência e sabedoria, nesta ordem. É só uma questão de tempo.
“A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS. NÃO SE PODE DEIXAR DE FAZÊ-LAS”
Os grandes mestres chineses nos ensinam que sábio é aquele que fala sim ou não. Mas em Minas, Guimarães Rosa nos ensinou uma visão ainda mais mágica: “Ou é, ou é”. A vida é sempre um “sim” para alguma coisa. Toda escolha é, no fundo, um tipo de sim…e é tão amplo!
“QUANDO A TERRA TREME, A HISTÓRIA MUDA”
Essa pressão por um novo posicionamento nosso, como profissionais de uma comunicação inovadora, libertadora e consciente, vem não apenas de nossos próprios insights, mas também do que Jung chamou de “o poder do inconsciente coletivo”.
Nos últimos seis meses aconteceram mais terremotos do que em toda a história da humanidade. Só que esses terremotos não estão ocorrendo apenas nas placas tectônicas: estão ocorrendo, de forma paralela e simultânea, na mente de todos nós. A Terra treme, a casa cai, a história muda!
“TODA SEPARAÇÃO RESULTA EM MUTILAÇÃO”
Inteireza é voltar a nós mesmos, ao que sentimos, ao que a voz interior nos diz para fazer e quase sempre não obedecemos. É fazermos o mesmo com o planeta, nos conectarmos de verdade, nos aconchegarmos no colo de Gaia. Qualquer separação aqui resulta em mutilação. Por isso é tão desconcertante olhar para os lados – e muitas vezes para nós mesmos – e ver o quanto estamos carentes e saudosos de nossa inteireza.
“EU COMI MUITO SAL PARA ENTENDER ISSO”
Assim como nunca se devastou tanto, nem nunca tivemos tantos seres humanos morrendo de fome, também nunca tivemos tantas possibilidades de rápida disseminação das novas ideias e visões. A tecnologia é uma amiga imperdível para nos ajudar nessa mudança de paradigma. Nesse cenário, já não faz sentido nos acomodarmos no papel antigo de publicitários. Eu comi muito sal até entender que cada ideia minha afeta centenas de milhões de pessoas. Por isso não faço propaganda de nada que possa ferir a vida. Minha profissão hoje? Uma mente estratégica e criativa a serviço da criação de um novo tempo.
Para saber mais sobre sua trajetória, acesse:
www.fulljazz.com.br;
www.mercadoetico.com.br.
Mais informações:
academiadeideias@terra.com.br
(Revista Ecológico)

sábado, 2 de junho de 2012

Responsabilidade Social Empresarial e Sustentabilidade: como iniciar?

Por: Claudio Andrade*



Sustentabilidade não é produto e aqueles que defendem essa idéia desviam a atenção da sociedade sobre a grandeza do seu significado. Sustentabilidade nos aponta o caminho do bom, do belo e do justo. Como nem tudo é completamente bom nem completamente belo, e muito pouco justo, para que haja sustentabilidade, teremos que reconciliar elementos desarmônicos, agregando-os num todo coerente.
O tema da sustentabilidade apareceu nos últimos anos, se popularizou rapidamente e ganhou definitivamente a agenda empresarial. Mais recentemente, foi tema de campanha na política, como vimos nas últimas eleições presidenciais aqui no Brasil.
Na verdade, ao que parece, as empresas estão bem mais preocupadas com o debate posto que a sustentabilidade tenha uma relação direta com valorização da marca e expansão de mercado. Em que pese à constatação positiva, ainda muito se confunde produção da sustentabilidade com sustentabilidade da produção.
Preservação ambiental, redução de resíduos, projetos sociais viraram estratégia e investimento no sentido promocional. Ou seja, o objetivo não é o bom, o justo ou o belo propriamente, mas o quanto se pode ganhar com isso. Esse é o ponto a ser tocado quando se quer incorporar práticas de responsabilidade social, previstas pela sustentabilidade, nas empresas, cujos resultados não se sustentam sem essa critica.
“Pensadas e administradas para gerar lucro e manter sua competitividade no mercado, as companhias não fazem caridade, elas investem estrategicamente”. Ouvi essa frase em um desses eventos que pipocam na cidade sobre sustentabilidade. Chamou-me atenção a ênfase dada na associação entre cidadania e lucro. Claro, é preciso dinheiro para a roda rodar. É como aquelas lampadinhas de natal, quando queima uma a sequência toda não acende. Todavia, não se pode entender o investimento social, a exemplo da responsabilidade social igualmente um ingrediente da sustentabilidade, unicamente pela via da competitividade, esquecendo-se da janela que se abre para a lógica do cuidar coletivo. Investir estrategicamente tem um significado abrangente de permanência no tempo e no espaço que vai além do “mercado”. Tem aí uma relação de interdependência que precisa ser lembrada como, por exemplo, o consumidor compulsivo que compra mais do que precisa, estoura o orçamento e faz empréstimos, extrai mais recursos naturais, aumenta o lixo e a emissão de gases de efeito estufa, causa desequilíbrio climático e, consequentemente, os gastos públicos com reparações de catástrofes. Compromete desta forma, a articulação econômica, social e ambiental da produção.
Considerar a sustentabilidade como produto, é reduzir sua compreensão à matéria e ver o mundo pela ótica linear do emissor-receptor. A razão pela qual não evoluímos mais rápida e profundamente no bom, no belo e no justo, ainda que tarde, é encontrar uma urgente resposta de como ser coerente nos negócios e elevar ao máximo a teia da vida?
Bem, é um desafio e tanto encontrar uma saída. Constantemente busco a crítica de meus alunos na pós-graduação ou na atividade de coaching que exerço nas empresas. Seja qual for o ambiente ao tocar no assunto sobre responsabilidade social empresarial, é unânime vir à tona o questionamento sobre o lucro como objetivo final e que sustentabilidade é ação promocional. As pessoas são extremamente céticas em relação às boas intenções no mundo corporativo. Mas todos, sem exceção, querem começar a fazer diferença.
Partindo daí e para não deixar nossa pergunta título sem encaminhamento, começamos por um diagnóstico da gestão, avaliando o desempenho do relacionamento com seus públicos. O mapeamento dos públicos e o espaço de atuação são fronteiras para o processo de incorporação da responsabilidade social e da sustentabilidade.
Integrar ambas às atividades empresariais não consiste em atuar pontualmente. Mas é um bom começo para exercitar o planejamento de boas práticas. O executivo deve compreender primeiramente que não se pode fazer tudo de uma vez – nenhuma empresa poderia. Tão pouco existe um modelo a seguir, isto é o que fazer primeiro, em segundo e assim por diante… O que se espera é a concentração em alguma área e, partir daí, crescer sistemicamente.
Envolva-se com um tema, saiba mais sobre as Metas do Milênio: se associe como parceiro a uma ONG. O GIFE- Grupo de Institutos Fundações e Empresas1 define o investimento social como o repasse sistemático de recursos privados, de forma planejada e monitorada, para projetos sociais de interesse público. Veja, quando falamos de investimento social, o que se quer ver é como sua empresa trata as questões de entorno que podem ou não fazer parte do seu core business. Segurança e saúde no trabalho, boas práticas trabalhistas, crescimento profissional, avaliação e programas de educação.
Já a responsabilidade social se define pelo engajamento ético e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona. Segundo o Instituto Ethos é o aproveitamento dos recursos privados para fins privados. Portanto, aquele mesmo dinheiro usado para o investimento social poderá se caracterizar também como responsabilidade empresarial se for empregado em programas ligados a cadeia de produção.
Recomendo os Indicadores Ethos2 como ferramenta para avaliar o estágio do envolvimento da empresa com a responsabilidade social. Além de sensibilizar para novas práticas, os Indicadores Ethos contribuem essencialmente para fazer a empresa entender do que se trata a sustentabilidade.
Para o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, no setor empresarial, o conceito de sustentabilidade representa uma nova abordagem para se fazer negócios, com inclusão social, respeito à diversidade cultural e aos interesses de todos os envolvidos, a otimização do uso de recursos naturais e a redução do impacto sobre o meio ambiente.
A maneira de a empresa participar da busca da sustentabilidade é inovando nos processos de gestão. Por sua vez, a inovação é substantivo da sustentabilidade, são forças inseparáveis. Um produto criado pela cooperação de conhecimento é imbatível no mercado, pois carrega a força do engajamento.
Isto posto, e para preparar o processo de incorporação, fique atento a algumas dicas:
1. Certifique-se que esteja consolidada a compreensão sobre a cultura da sustentabilidade. Isso será muito importante para decidir os caminhos a serem tomados;
2. Prefira sempre temas que estão ligados diretamente ao negócio; faça um mapeamento de públicos e da cadeia de valor para avaliar o impacto desse tema;
3. Estabeleça o trabalho em equipe, ajude na sua formação, sensibilize-a e determine objetivos, finalidades e resultados esperados para um período. Um produto criado em conjunto potencializa os resultados;
4. Crie indicadores de avaliação e materialize suas contribuições. Dessa forma conseguirá credibilidade, confiança e aliados ao processo;
5. Compartilhe os resultados, crie canais de diálogo e consulta com os públicos
Além disso, não se esqueça do permanente diálogo interno para o enraizamento dos novos valores, bem como com seus públicos externos de interesse. Lembrem-se: prefira os relacionamentos aos comunicados e o reconhecimento à propaganda e promoção.
[1] http://site.gife.org.br/ acesso: 05/11/2010
[2] Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social é uma ferramenta de auto- avaliação e aprendizagem, que diagnostica o estágio em que a empresa se encontra em relação às práticas de responsabilidade social e sustentabilidade. O instrumento abrange sete grandes temas: Valores, Transparência e Governança; Público Interno; Meio Ambiente; Clientes e Consumidores; Fornecedores; Comunidade; Governo e Sociedade. Por intermédio da ponderação em relação à atuação da empresa, seus representantes se descobrem caminhos para minimizar dilemas e exercitar a consciência dos efeitos em cadeia. Veja mais sobre os IERS: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/Default.aspx

*Claudio Andrade É Coaching em sustentabilidade.

Tags: Sustentabilidade, Gife, Instituto Ethos, Responsabilidade Social.


Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/responsabilidade-social-empresarial-e-sustentabilidade-como-iniciar/

Ferramentas revolucionárias monitoram áreas inundadas da Amazônia


No dia 8/5/2007 aconteceu o lançamento do livro Cultura Tecnológica Sustentável: Estudo de Caso do Projeto Cognitus na Petrobras, de autoria da pesquisadora e jornalista Carmen Carril. A noite de autógrafos foi na livraria Fnac, em São Paulo, na avenida Paulista, 901.
O livro, patrocinado pela Petrobras, foi gerido por Fernando Pellon de Miranda, coordenador geral do Projeto Cognitus. Cultura Tecnológica Sustentável retrata o estado-da-arte do Projeto Cognitus, em curso no Cenpes, na Petrobras. O Projeto Cognitus é a vertente tecnológica do Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia), criado para monitorar as atividades de produção e transporte de petróleo e gás oriundos de Urucu (AM), a maior província petrolífera terrestre, localizada na maior floresta tropical do mundo.
O Cognitus surgiu da necessidade de a Petrobras fazer o reconhecimento de padrões em áreas inundadas da Amazônia. Para atingir esse objetivo, os pesquisadores envolvidos vêm desenvolvendo ferramentas revolucionárias para monitorar as condições da região, estudando as redes complexas do ambiente amazônico, com vistas a impedir desastres ambientais.
O livro enfatiza a grande contribuição da semiótica de extração peirciana que permeia o Projeto Cognitus e o impacto na marca Petrobras da nova cultura baseada nas tecnologias de interface homem-máquina, harmonizadas com o ambiente natural, como uma resposta aos ideais ambientais da sociedade contemporânea.
Conforme declarou o coordenador do Projeto Cognitus, Fernando Pellon de Miranda, "temos uma imagem de responsabilidade social e ambiental a preservar, principalmente na Amazônia". "Qualquer problema que lá ocorrer vai causar um grande impacto para a imagem da Petrobras. Este nível de sofisticação nas pesquisas contribui para a imagem positiva da companhia, pois é fator determinante para a excelência de nossa capacidade de ação preventiva e no caso de emergências."
O livro Cultura Tecnológica Sustentável representa uma oportunidade para repensar o esgotamento de paradigmas tradicionais na prática de políticas ambientais diante do surgimento de novos paradigmas científicos, filosóficos e estéticos, pressupostos dos ideais da cultura tecnológica sustentável. Esse livro, voltado para estudantes, imprensa e comunidade científica e interpretado por pesquisadores desenvolvendo ferramentas para evitar desastres ambientais, visa à reflexão da humanidade.
Perfil da autora
Carmem Carril é jornalista, pesquisadora, escritora, professora universitária. Possui mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e pós-graduação em Marketing e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero. Atua ainda como consultora em Marketing e Gestão de Marcas, tendo somado experiência profissional, ao longo de mais de 20 anos, junto a companhias de porte, entre elas: Novartis, Citibank, Grupo Ogilvy, Banco Nacional, CESP (atual Duke Energy) e Banco Itaú. É autora dos livros A Alma da Marca Petrobras, da Editora Anhembi Morumbi, e O Que a Marca Representa na Sociedade Contemporânea, da Editora Paulus.
A realização do livro Cultura Tecnológica Sustentável: Estudo de Caso do Projeto Cognitus na Petrobras foi possível graças ao apoio do coordenador-geral do Cognitus, Fernando Pellon de Miranda, e do gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga. A idéia do livro é contribuir na divulgação do Projeto Cognitus, tornando-o uma referência de pesquisa para os públicos interno e externo da Petrobras, para a comunidade acadêmico-científica brasileira e internacional e para todos os cidadãos comprometidos com o desenvolvimento sustentável. "O que mais me chamou a atenção no Projeto Cognitus, em curso na Petrobras, são seus objetivos voltados para a busca de superação dos limites de resolução da ciência tradicional por meio da construção de novas ferramentas cognitivas em articulação com os desígnios da natureza. Com o Projeto Cognitus, o Brasil e a comunidade científico-brasileira ingressam numa cultura marcada pela transdisciplinaridade e pela excelência no âmbito das pesquisas de ponta, reconhecidas tanto no universo acadêmico nacional como no internacional", afirma Carmem Carril.
lidpv@al.sp.gov.br
Tags: Petrobras; Amazônia; Ferramentas Cognitivas;  Tecnologia Sustentável.

Matéria publicada pela Assessoria da Liderança do PV no endereço:

http://www.jusbrasil.com.br/diarios/5204186/dosp-legislativo-08-05-2007-pg-6

sábado, 5 de maio de 2012

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Alternativas ecológicas mais ajustadas na produção

Hoje, uma empresa já pensa em seu passivo ambiental e na forma de como resolvê-lo, fator que pode comprometer seu patrimônio e ser determinante na inviabilidade de sua permanência no mercado na ausência de políticas e ações preventivas.

Como se sabe, o valor de uma companhia é mensurado, dentre outras variáveis, em especial pela imagem que a sua marca projeta nos seus públicos. Em plena era dos ativos intangíveis, a marca passa a representar um dos bens mais preciosos para as empresas, não importando apenas o produto em si, mas a totalidade das percepções, crenças, experiências e sentimentos do consumidor.

Este quadro sinaliza a busca de novas alternativas ecologicamente mais ajustadas na produção, por parte das corporações, no âmbito das demandas da gestão social

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A alma da marca Petrobras, significado e potencial comunicativo





Ao empreender um estudo sobre marcas, Carmem Carril buscava uma marca que fosse, antes de tudo, vigorosa, valiosa e admirada, que fosse amada, fazendo jus ao caráter mais dominante de uma marca: sua capacidade de fixar sentimentos, crenças e valores. Não demorou muito para que sua escolha recaísse sobre a marca Petrobras. Nenhuma outra poderia estar mais habilitada para a investigação da eficácia, persistência, credibilidade, confiança e afetividade que se constituem nas características fundamentais de uma marca. (Trecho do prefácio de Lucia Santaella, professora titular da PUC/SP, sobre o livro "A alma da marca Petrobras", de autoria de Carmem Carril.)

O livro "A alma da marca Petrobras , significado e potencial comunicativo" é fruto de uma pesquisa sobre a natureza da marca, no universo do marketing e da semiótica, em seu simbolismo e evolução temporal. Quer conhecer um pouco mais sobre a publicação? Leia, na íntegra, abaixo, o prefácio, de Lucia Santaella, professora titular no programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP.

Prefácio de Lúcia Santaella: Um país com duas bandeiras.

Nos últimos cinquenta anos, a história da Petrobras foi se tecendo na mesma malha da história nacional. Essa deve ser uma das razões por que não há no Brasil uma empresa com a qual o país se identifique mais profundamente. São muitos os valores históricos, sociais e culturais que foram se agregando à empresa fazendo dela a empresa... brasileira por excelência.
O vínculo entre a empresa e o país, que está expresso no próprio nome da empresa, Petrobras, bras de Brasil, também aparece no logo da marca da empresa. O primeiro design desse logo, que data de 1958, numa busca explícita por dar expressão a uma identidade nacional, imitava a bandeira brasileira. Com o tempo, o design se modernizou até chegar à sua forma mais minimalista atual. Não obstante o minimalismo, é tal o poder identificatório e simbólico desse logo, que ele continua funcionando como uma espécie de segunda bandeira brasileira.
Sabe-se que uma marca não se destina estritamente à venda de mercadorias, mas, muito mais, à representação de idéias, conceitos, servindo para corporificar desejos e sonhos. É justamente o sonho de brasilidade que a marca Petrobras tem encarnado através de décadas.
Ao empreender um estudo sobre marcas, Carmem Carril buscava uma marca que fosse, antes de tudo, vigorosa, valiosa e admirada, que fosse amada, fazendo jus ao caráter mais dominante de uma marca: sua capacidade de fixar sentimentos, crenças e valores. Não demorou muito para que sua escolha recaísse sobre a marca Petrobras. Nenhuma outra poderia estar mais habilitada para a investigação da eficácia, persistência, credibilidade, confiança e afetividade que se constituem nas características fundamentais de uma marca.
Toda marca é veiculada através de vários meios semióticos de expressão: o seu nome, o design do seu logo, as embalagens dos produtos, os slogans, os jingles, as campanhas publicitárias etc. Tais meios semióticos são responsáveis não só pela criação da marca, mas também por sua persistência no tempo. Dentre esses meios, Carmem Carril escolheu estudar o logo da marca Petrobras, tanto na sua evolução temporal quanto nas suas características semióticas internas. Em que medida esse logo contribui para o potencial comunicativo da marca Petrobras?
Para realizar essa tarefa, a autora realizou um percurso admiravelmente cuidadoso que se inicia por uma reflexão sobre a natureza da marca, continua na sua contextualização no universo do marketing e da comunicação até chegar ao ponto específico de sua análise: o logo da marca Petrobras. A entrada na atividade analítica é devidamente antecedida pela contextualização da marca na história da Petrobras e pela apresentação ao leitor das ferramentas analíticas a serem utilizadas. Essas ferramentas provêm da semiótica de extração peirceana. A autora promete que tais ferramentas lhe permitirão penetrar no coração do potencial comunicativo da marca.
De fato, como se estivesse munida de instrumentos cirúrgicos de sutilíssima precisão, Carmem Carril penetra passo a passo nos interiores semióticos do logo, explorando camada por camada, faceta por faceta seus recursos comunicativos: os aspectos qualitativos (cores, formas, linhas, volumes, dimensões, contrastes, harmonias), os aspectos existenciais (os usos que são feitos do logo, as mídias em que é veiculado, os modos como esse logo aborda seus receptores nos processos comunicativos) e os aspectos simbólicos (seu poder representativo da soberania nacional).
Enfim, o maior ensinamento deste livro está na sua capacidade de nos demonstrar que o poder de penetração das marcas no espírito dos consumidores depende de estratégias não apenas mercadológicas, mas, sobretudo, semióticas. São essas estratégias que, pelo menos em parte, podem explicar por que a marca Petrobras se mantém presente e viva na memória, pensamento e afetividade dos brasileiros.

            

domingo, 8 de abril de 2012

Seminário Internacional "Desconstruindo a Crise Civilizacional" Um olhar sobre a Rio+20

Como surgiu o costume dos ovos de Páscoa? (Por Fernanda Favier Fe)

Os ovos de chocolate ou ovos de Páscoa são uma tradição milenar relacionada ao cristianismo. Costumava-se pintar um ovo oco de galinha de cores bem alegres, pois a Páscoa é uma data festiva que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento. Outros povos como os gregos e os egípcios também coloriam ovos de galinha oco, porém em datas diferentes.
O ovo é símbolo bastante antigo, anterior ao Cristianismo, ...que representa a fertilidade e a renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.




Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Cristo.
Colorir e decorar ovos é um costume também bastante antigo, praticado no Oriente. Nos países da Europa de Leste, os ortodoxos tornaram-se grandes especialistas em transformar ovos em obras de arte. Da Rússia à Grécia, os ortodoxos costumam pintar os ovos de vermelho. Já na Alemanha, a cor dominante é o verde. A tradição é tão forte que a Quinta-feira Santa é conhecida por Quinta-feira Verde. Na Bulgária, em vez de se esconder os ovos, luta-se com eles na mão. Há verdadeiras batalhas campais. Toda a gente tem de carregar um ovo e quem conseguir a proeza de o manter intacto até ao fim será o mais bem sucedido da família até à próxima Páscoa.
Das tradições da Europa Oriental, o hábito passou aos demais países. Eduardo I de Inglaterra oferecia ovos banhados em ouro aos súditos preferidos. Luís XIV de França os mandava, pintados e decorados, como presentes. Isso iniciou a moda de fazê-los artificiais, de madeira, porcelana e metal, contendo alegras surpresas aos presenteados. Seu sucessor Luís XV presenteou sua amante 33 anos mais jovem, Madame du Barry, com um enorme ovo, o qual continha em estátua de Cupido. Essas tradições inspiraram também Peter Carl Fabergé na criação dos famosos e valiosos Ovos Fabergé..[1]
Os ovos de chocolate vieram dos Pâtissiers franceses que recheavam ovos de galinha, depois de esvaziados de clara e gema, com chocolate e os pintavam por fora. Os pais costumavam esconder ovos nos jardins para que as crianças os encontrassem na época da Páscoa. Com melhores tecnologias, a partir do final do século XIX, se difundiram os ovos totalmente feitos de chocolate, utilizados até hoje.


E-mail: fe.favier@gmail.com